A Austrália vai receber 12 mil refugiados sírios ou iraquianos adicionais para fazer frente à crise humanitária no Oriente Médio, anunciou o governo, duramente criticado por usa política migratória restritiva.
A Austrália também decidiu estender à Síria, a pedido dos Estados Unidos, os ataques aéreos que realiza no Iraque, informou nesta quarta-feira (9) o primeiro-ministro australiano Tony Abbott, que afirmou que a solução para a crise dos migrantes passa pela aniquilação do grupo Estado Islâmico (EI).
As imagens do corpo sem vida do menino sírio de 3 anos Aylan Kurdi em uma praia turca comoveu o mundo e multiplicou na Austrália as críticas contra a política linha dura de Abbott em termos de imigração.
A opinião pública australiana exigia do governo um maior envolvimento na crise dos emigrantes. Neste sentido, Abbott disse que seu país aumentará a ajuda financeira aos refugiados nos países vizinhos do Iraque e Síria.
"A Austrália acolherá mais 12 mil refugiados do conflito no Iraque e na Síria", declarou Abbott. Estas 12 mil pessoas se unirão aos 13.500 refugiados que a Austrália recebe anualmente. O país aceita todos os anos um número de refugiados inferior a 14.000, e por isso os 12.000 anunciados nesta quarta implicam uma medida excepcional.
Abbott explicou que terão prioridade mulheres, crianças e famílias que pertencem às minorias perseguidas que se encontram refugiadas na Jordânia, Líbano e Turquia.
Canberra também aumentará sua ajuda humanitária (44 milhões de dólares australianos 41 milhões de dólares) para as 240.000 pessoas deslocadas pelo conflito nos países vizinhos do Iraque e Síria.
Abbott explicou que seu país deve aportar ajuda militar e humanitária ante o desafio que representa o EI e indicou que a extensão da campanha aérea à Síria se justifica pelo direito à legítima defesa, já que os jihadistas não respeitam as fronteiras nacionais.
No momento, seis aviões de combate RAAF F/A18 e duas aeronaves de apoio australianas participam das operações no Iraque, e podem atuar na Síria nos próximos dias. "Destruir este culto da morte é crucial, não apenas para resolver a crise humanitária no Oriente Médio, mas também para aniquilar a ameaça que pesa sobre a Austrália e o restante do mundo", declarou Abbott.
Mas deixou claro que o adversário éo EI e não o regime do presidente sírio Bashar al Assad. "Com estes bombardeios (contra o EI) na Síria exercemos nosso direito coletivo à autodefesa com base no artigo 51 da Carta das Nações Unidas", disse Abbott.
O anúncio australiano acontece no dia seguinte aos primeiros voos de reconhecimento da aviação francesa na Síria. Entre os outros países que participam na coalizão liderada pelos Estados Unidos na Síria figuram o Bahrein, Canadá, Jordânia, Turquia, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.