'Autor na Academia' traz o poeta, filósofo e compositor Antonio Cicero

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
08/10/2014 às 09:18.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:31
 (Divulgação)

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Ainda hoje a poesia costuma ser atrelada a um universo codificado, em que chama mais a atenção o processo meio anárquico e livre de sua produção. “A poesia também é pensamento, embora não seja um pensamento puramente intelectual”, ressalta Antonio Cicero.

Poeta, compositor e filósofo, ele é o convidado desta quarta-feira (8) do projeto “O Autor na Academia”, na Academia Mineira de Letras. O tema de sua conferência tratará justamente da “Dimensão da Poesia”, que caminha em direção oposta ao cotidiano pragmático, utilitário e instrumental.

“A dimensão é aquela a que somos conduzidos quando ‘mergulhamos’ no poema. Isto é, quando permitimos que ele, subvertendo ou pondo entre parênteses as categorias do intelecto que norteiam a dimensão cotidiana do mundo, promova uma apreensão do ser”, analisa.

E essa apreensão, em suas palavras, deve interagir e brincar em nosso pensamento, “de modo não-hierarquizado, todos os seus recursos: razão, emoção, intelecto, sensibilidade, intuição, memória, senso de humor, entre outros”, destaca o escritor carioca, de 69 anos.

Cheio de escritos guardados nas gavetas de seu escritório, ele registra que a própria avaliação de seu trabalho sempre foi marcada por um alto grau de exigência: “Somente o excelente é bom. O médio é ruim”. O que explica, em parte, o fato de ter se aventurado pouco na poesia nos últimos 20 anos.

Nesse período, enquanto lançou três livros de poesias (“Guardar”, “A Cidade dos Livros” e “Porventura”, que será vendido a R$ 5 durante a conferência), dedicou boa parte de seu tempo à filosofia. “E fiz também várias letras de canções”, assinala Cicero, que é irmão da cantora Marina Lima.

Ultimamente ele tem composto relativamente pouco. “É um trabalho diferente (em relação à poesia), pois faço letras para as melodias que recebo. Não escrevo uma letra antes de ter ouvido a melodia. Cada letra é sugerida ou inspirada por uma melodia e pela imagem que tenho do parceiro”.

Entre seus parceiros estão nomes como João Bosco, Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Zizi Possi e Gal Costa. Sua primeira investida nesse campo aconteceu em 1976, quando Marina musicou seu poema “Alma Caiada”. A dobradinha ainda rendeu sucessos como “Fullgás” e “À Francesa”.

Para Cicero, a grande diferença entre a poesia cantada e a poesia escrita é que a primeira “pode ser ouvida e apreciada tanto de modo ligeiro e superficial quanto de modo mais refletido e profundo. Podemos, por exemplo, ter prazer ao ouvir uma canção sem lhe prestar muita atenção”.

Isso não significa, segundo o compositor, que não possamos, por exemplo, “mergulhar” numa canção, estudando seus sentidos e sua construção. “Já um poema escrito quase nunca admite uma leitura superficial. Para apreciá-lo, é quase sempre imprescindível ‘mergulhar nele”, compara Cicero. 

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