O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, com alta de apenas 0,6%, põe em dúvida a eficácia da estratégia do governo para aquecer a economia brasileira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deveria analisar as políticas adotadas pelos outros países do chamado Brics para traçar novos rumos para nossa economia, com vistas em 2013.
A China teve crescimento no último trimestre de 7,4%, a Índia de 5,3%, a Rússia de 2,9% e a África do Sul de 2,3%.
Em vez disso, o governo estaria de olho no retrovisor. O professor Paulo Paiva, que foi ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo Fernando Henrique Cardoso, afirma em artigo neste jornal que o governo Dilma Rousseff tem buscado construir uma estratégia de crescimento com base na maior intervenção do Estado e fortalecimento das empresas públicas, como fizeram os governos Geisel e Figueiredo, que a presidente tanto combateu.
Se o faz, não está dando certo. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o PIB cresceu apenas 0,7%.
Intervenções pontuais como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para veículos novos ajudaram a segurar empregos nas montadoras, mas desarticularam o setor de usados e seminovos, sem impulsionar significativamente o PIB industrial, que cresceu apenas 1,1% entre julho e setembro.
E levou ao fechamento de 4,5 mil revendedoras multimarcas neste ano. Não há ainda dados sobre quantos empregos foram perdidos com esse fechamento de lojas de veículos. Sabe-se, porém, que a inadimplência entre os que buscaram financiamento para comprá-los, é recorde. Sem falar na gritaria de governadores e prefeitos que perderam arrecadação com essa benesse federal às montadoras.
A redução do IPI deve acabar em 31 de dezembro próximo, e as montadoras vão aproveitar estes últimos dias para aumentar suas vendas, já preocupadas com o que vai ocorrer em janeiro e fevereiro. Certamente, começam o ano dispensando trabalhadores. E tentarão compensar a queda das vendas com o aumento dos preços dos veículos – os quais, por sinal, não baixaram tanto como se esperava com a baixa do IPI. Podem alegar que a pressão é grande, pois 40% do preço do carro estão atrelados ao dólar, que vem subindo.
Apesar disso, o governo continua afirmando que o PIB deve crescer mais de 4% no ano que vem, sem se dar ao trabalho de explicar os motivos desse otimismo. Há um ano, dizia que seria de 4,5% o crescimento em 2012.