As mudanças no mercado chinês, que reduziu as encomendas e desvalorizou a moeda local (yuan), terão forte impacto na economia mineira. De acordo com o coordenador da gerência técnica de Estudos Econômicos do Banco Central (BC), Rodrigo Lage, a previsão é a de que, no curto prazo, a indústria extrativa comece a intensificar a transferência das operações para outros estados, principalmente o Pará. O motivo seria o menor custo de produção.
“É esperado que algumas plantas deixem de produzir. Aquelas que têm um processo produtivo mais caro, com extração mais superficial do minério, principalmente, representam um desafio maior”, afirmou Lage, durante apresentação do Boletim Regional – publicação trimestral do BC, nesta sexta-feira (21), na sede da entidade em BH. A China é o principal parceiro comercial de Minas.
Em contrapartida, a retomada do mercado norte-americano dá ânimo ao setor cafeeiro, com boas perspectivas para 2015. Outros produtos da indústria manufaturada, como tubos, também devem registrar aumento nos embarques para os Estados Unidos, importante parceiros comercial de Minas.
Conforme enfatiza o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, é importante lembrar que o dólar em ascensão melhora a receita das exportações e contribui para um saldo positivo na balança comercial mineira.
Reação à crise
Apesar de o café ser de extrema importância para o Estado, Maciel destaca os estados do Sudeste e do Sul têm reagido pior aos efeitos da crise devido à estrutura econômica local, com vocação para a indústria da transformação.
A título de comparação, o Sudeste representa 61,9% da produção física da indústria, e o Sul 20,4%. Como o atual cenário econômico é de redução do crédito e do consumo, as duas regiões são as mais prejudicadas.
Macroeconomia
O diretor de Política Econômica e Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu, ressaltou que serão necessárias paciência e perseverança para deixar o atual processo de ajuste produzir seus efeitos plenos.
Nos próximos meses, ainda de acordo com ele, será preciso conduzir a economia nacional com mãos de ferro para manter o controle da inflação.
Por isso, a previsão é a de que a Selic se mantenha no atual patamar por um bom tempo. Hoje, a taxa básica está em 14,25%.
Os estudos do Banco Central, de acordo com Awazu, apontam para a conversão da inflação dos atuais 9,5% em 12 meses para o centro da meta, de 4,5%, ao final de 2016.
“O ano de 2015 será um ano de ajustes”, diz. A estimativa é manter a meta para o médio e longo prazo – 2017, 2018 e 2019.
-2,9% é a projeção para o PIB de Minas Gerais em 2015. em 2014, a retração foi de 1,1%.
-0,9% é a projeção para o PIB nacional em 2015.