Bancos estatais reforçam a sua participação no mercado

Do Hoje em Dia
27/09/2012 às 06:17.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:37

O Brasil está caminhando para atingir a normalidade na cobrança dos juros dos cartões de crédito, mas falta muito para chegar lá. Evite-se, nesse meio tempo, fazer dívidas com tais cartões que levem ao pagamento de juros ainda escorchantes, apesar dos últimos anúncios de redução das taxas. Sobre as dívidas no crédito rotativo podem incidir juros que, em um ano, mais que dobra o seu valor. Em agosto, o valor médio desses juros foi de 238% ao ano, enquanto a taxa média de juros como um todo ficou em 30,1%.

O segundo maior banco privado do país anunciou nesta semana que vai reduzir a taxa de juro do rotativo, a partir de 1º de novembro, de 14,9% para 6,9% ao mês para os cartões de quatro bandeiras. É insuficiente, pois essa taxa é também exorbitante. Mas o Bradesco se curvou diante do movimento liderado por dois grandes bancos do governo. Neste mês, o Banco do Brasil cortou a taxa do rotativo em até 79% e, a Caixa Econômica Federal, entre 10% e 40%. Depois disso, o Itaú lançou novo cartão, com taxa de 5,99% ao mês, sem mexer com os juros dos cartões já existentes. Os demais bancos ainda não se manifestaram.

Estudo de uma associação de consumidores, a ProTeste, revelou que, dependendo da instituição, juros rotativos de cartão de crédito podem chegar a 878,7% ao ano. Portanto, tem razão o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ao alertar que os juros do crédito rotativo são fator do alto endividamento dos brasileiros. Pelas regras atuais, é preciso pagar pelo menos 15% da fatura mensal, o que muitos não conseguem. Daí a atual inadimplência em cartões, a justificar, por absurdo que pareça, seus altos juros. É preciso romper o círculo vicioso que se formou ao longo dos anos, desde que grandes bancos passaram a apostar nesse crédito mercantil, auferindo enormes lucros.

Os bancos estatais entraram mais firmemente no mercado após a crise de setembro de 2008, época em que respondiam por 34,2% do dinheiro emprestado no Brasil. Há dois meses, o percentual já havia subido para 45,4%, e a tendência é subir mais. Em agosto, os juros cobrados pelos bancos no Brasil estavam em 30,1% em média, a menor taxa desde que o índice começou a ser calculado pelo Banco Central no ano 2000.

O fato é que, aos poucos e de modo a agradar uma população exaurida pelos juros altos, Dilma Rousseff vai reforçando a participação dos bancos estatais no mercado, sem estatizar qualquer banco privado. Sem alarde.

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