A batalha contra a dengue em Minas está sendo vencida, neste ano, pelo mosquito Aedes aegypti. O governo admite uma epidemia que pode ser pior que a de 2010, ano em que mais de 268 mil pessoas foram atacadas pela doença no Estado. Até a semana passada, a Secretaria de Estado de Saúde registrou 123,7 mil notificações e 28 mortes, neste ano. Em 2012, praticamente no mesmo número de dias, houve 440 ocorrências a menos. E estamos ainda longe do pico da doença, esperado para meados de abril.
Em Belo Horizonte, nas duas últimas semanas, o número de casos dobrou, chegando a 4,2 mil. No dia 15 de março, a Secretaria de Estado da Saúde informou que o número de ocorrências era de 93 mil, maior que o registrado durante todo o ano de 2012, quando 18 pessoas morreram de dengue, cinco menos que os mortos em apenas dois meses e meio deste ano.
Não chega a surpreender a velocidade com que a doença se espalha em Minas. No começo do ano, a Organização Mundial da Saúde alertou que a dengue é a doença tropical que se propaga mais rapidamente no mundo, e já se encontra em todos os continentes. Sua incidência aumentou 30 vezes nos últimos 50 anos, podendo se transformar numa pandemia.
Por ocasião desse alerta, o Ministério da Saúde admitiu epidemia de dengue em cinco estados – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Acre e Tocantins. Ontem, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro informou a existência na cidade de 16,6 mil casos. No Estado do Rio, a epidemia atingiu 35 municípios.
Em Minas, a Secretaria da Saúde atribui a gravidade da situação a dois fatores principais: aumento da circulação do vírus do tipo quatro e descuido das prefeituras no combate ao mosquito, por causa das eleições para prefeitos e vereadores. Como essa situação se repete a cada quatro anos, a população precisa aprender a se defender, principalmente porque boa parte dos criatórios do mosquito está dentro de casa ou nos jardins e quintais. O combate ao mosquito transmissor da doença deve ser uma luta de todos.
No começo do século passado, descobriu-se que o Aedes aegypti, que aqui chegou com os navios negreiros, é o transmissor do vírus da dengue. Fez-se grande esforço para acabar com o mosquito. Ele foi erradicado na década de 1950 e reapareceu duas décadas depois. Com economia globalizada e intenso tráfego entre nações, a luta contra o mosquito não é de um país apenas, mas de todos. É como em “Guerra dos Mundos”, a ficção.