Batman ressurge como messias nas telonas

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia *
25/07/2012 às 11:03.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:50
 (Warner/Divulgação)

(Warner/Divulgação)

 O massacre ocorrido nos Estados Unidos, na semana passada, em que um estudante atirou a esmo num cinema lotado, justamente durante a pré-estreia de "Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge" ("The Dark Knight Rises") , aparece, de forma funesta, como a exemplificação perfeita do alerta deixado pelo filme.

O fechamento da trilogia comandada pelo diretor Christopher Nolan, com estreia a partir desta sexta-feira (27) em mais de 800 salas do país, fala sobre uma sociedade extremamente doente, sentada placidamente sobre uma estrutura democrática que acaba se voltando contra ela.

É essa mesma democracia que permite o surgimento de um temível criminoso como Bane. Ele se vale dos mecanismos da livre iniciativa, como o poder cada vez mais concentrado nas mãos de multinacionais, a economia globalizada, a força da mídia e a política, para colocar o dedo na ferida.

Assim como Coringa no capítulo anterior e o serial killer Anton Chigurgh, de "Onde os Fracos Não Têm Vez" – ganhador do Oscar de 2008 –, a presença desses antagonistas estampa uma grande reflexão.

A crueldade extrema deles é o que nos faz olhar para dentro. Coringa e Bane carregam outro ponto em comum além da necessidade de destruir Gotham City: vão além da visão que o heroico Batman pode alcançar, que está calcado no presente (em suas próprias angústias), enxergando o futuro da humanidade.

De uma maneira estranha, Coringa e Bane são arautos do fim da sociedade tal como é estruturada hoje. Conscientemente, eles testam seus limites e exibem suas mazelas. Por isso ganham na história a mesma relevância do Homem-Morcego, do ponto de vista de sua construção dramática. Nolan não precisa de efeito especial para fazer de Bane uma ameaça palpável.

Como seus trabalhos anteriores, entre eles "O Grande Truque" e "A Origem", o cineasta estabelece um espelhamento doloroso entre os personagens. Abandonando o maniqueísmo típico dos filmes de super-heróis, Nolan dissolve as fronteiras, pondo em dúvida até mesmo o papel de Bruce Wayne/Batman como sinônimo de justiça.

Não é por acaso que a bomba atômica que pode destruir Gotham sai das empresas de Wayne. Ao mesmo tempo em que cria o bem, ele pode igualmente alimentar coisas más. Mesmo que não tenha sido seu propósito, ele é culpado por essa atitude.

É, por sinal, uma das principais mensagens do filme, em torno de nossas responsabilidades. O que fazemos ao outro é, dentro de um tempo histórico, refletido em nós. Parece simplista, mas Nolan consegue dar densidade à afirmação, criando uma atmosfera permanente de dor.
 

Anne Hathaway vive a ambivalente Mulher-Gato (Foto: Warner/Divulgação)


Qual é a solução para essa condenação em vida? A resposta deve render muita polêmica, pois parece passar por um messianismo. Não é outro o lugar que cabe a Batman na história, que, biblicamente, "morre" para salvar a humanidade. É a luz que o comissário Gordon espera mais uma vez buscar no céu.

O filme

"Batman o Cavaleiro das Trevas Ressurge" é estrelado pela terceira vez por Christian Bale, que interpreta o famoso homem-morcego e empresário Bruce Wayne. Também fazem parte do elenco Anne Hathaway, como Selina Kyle nas horas vagas e a sensual Mulher Gato durante a noite; Tom Hardy é Bane, o vilão que "veio das profundezas do inferno, a vencedora do Oscar Marion Cotillard ("La Vie en Rose"), como a empresária Miranda Tate, e Joseph Gordon-Levitt, como John Blake.

Retornando ao elenco principal, Michael Caine é o fiel mordomo Alfred; Gary Oldman, no papel do comissário Gordon, e Morgan Freeman, como o cientista Lucius Fox, braço direito de Bruce Wayne nas empresas do bilionário.

  

 

O sucesso conquistado com a utilização parcialmente de câmeras IMAX em "Batman o Cavaleiro das Trevas" levou o diretor Christopher Nolan a adotar (e abusar) deste formato neste último filme da trilogia. Já a trilha sonora é composta pelo vencedor do Oscar, Hans Zimmer ("O Rei Leão").

As gravações de "Batman Ressurge" passaram por três continentes e inclui as cidades norte-americanas de Pittsburgh, Nova York e Los Angeles, além da Índia, Inglaterra e Escócia.

(*) Com Maristela Bretas - Do Portal HD

  

 
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