BBC conduziu mal o caso sobre o apresentador pedófilo

AFP
19/12/2012 às 17:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:48

LONDRES - A BBC, suspeita de tentar abafar o escândalo Jimmy Savile, um famoso apresentador acusado de ser um dos maiores "predadores sexuais" do país, foi isenta desta culpa por um relatório que critica, no entanto, a condução caótica da crise.

A BBC, que decidiu não exibir no final de 2011 um documentário dedicado aos abusos infantis de Savile no programa Newsnight, principal atração de jornalismo investigativo do grupo, esteve no centro das atenções nos últimos meses, quando o caso veio à tona. Especialmente quando exibiu uma homenagem ao reinado de 40 anos do apresentador, que morreu em 2011, aos 84 anos.

A desprogramação pela BBC deste documentário "foi um erro, mas isso não foi feito (...) por uma má razão", considerou o ex-diretor do canal de televisão concorrente Sky News, Nick Pollard, que foi encarregado pela BBC de escrever um relatório sobre o assunto.

Segundo ele, o aspecto mais irritante para a BBC foi "sua total incapacidade de gerir as consequências", acrescentou, denunciando o caos e a confusão que se seguiu aos erros de gestão.

As suspeitas pesaram sobre a BBC ajudaram a mergulhar o grupo em uma profunda crise, que fez mais uma vítima nesta quarta-feira: o vice-diretor da BBC News, Stephen Mitchell, que anunciou a sua demissão depois de 38 anos de carreira.

Ele havia sido afastado em novembro, como a sua superior, Helen Boaden.

O editor-chefe do programa Newsnight, Petter Rippon, e seu assistente, Liz Gibbons, foram chamados para outras funções dentro do grupo, que prometeu "ação disciplinar".

O caso Savile, agravado em novembro por um segundo escândalo, a denúncia caluniosa de um político conservador da era Thatcher, injustamente acusado de abuso sexual em outro programa da BBC, custou-lhe a renúncia do CEO George Entwistle, acusado no relatório Pollard de ter "reagido muito lentamente" no caso Savile.

Em uma carta aos funcionários, o diretor-geral interino da BBC, Tim Davie, não escondeu seu alívio com o afastamento das acusações de censura.

Ele voltou a se desculpar pelas "deficiências óbvias" da BBC neste caso, ao mesmo tempo em que festejou o fato do relatório "não encontrar nenhuma evidência de pressões indevidas para evitar a propagação" do documentário.

Estrela extravagante da televisão nos anos 70/80, conhecido por seu cabelo platinado e suas roupas exuberantes, o ex-apresentador ficou no centro de um enorme escândalo de abuso sexual de menores no Reino Unido. De acordo com a polícia, que já ouviu o depoimento de 450 testemunhas, ele é suspeito de 199 abusos, incluindo 31 estupros.

Ele é alvo do maior número de "queixas de abuso sexual no Reino Unido", de acordo com a Scotland Yard, que fez outra prisão nesta quarta-feira relacionada ao caso.

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