Dados da São Paulo Transporte (SPTrans) mostram os bairros onde mais cartões do Bilhete Único Mensal, que começa a valer neste sábado, 30, são retirados pelos passageiros cadastrados. Santo Amaro, na zona sul, lidera a lista, com 4.972 unidades disponíveis para serem retiradas até segunda-feira, 22. Em segundo lugar, aparece a Lapa, na zona oeste, com 4.070 cartões, seguida de Santana, na zona norte, onde 4.004 bilhetes devem ser buscados. Logo depois, vêm a Sé (3.732 cartões), no centro, e o Butantã (3.229), na zona oeste.
Uma das cinco estampas oferecidas para o novo cartão mostra o Theatro Municipal
O prefeito Fernando Haddad (PT) instituiu, oficialmente, o Bilhete Único Mensal por meio de um decreto publicado nesta sexta-feira, 29, no Diário Oficial da Cidade. O benefício passa a valer "a partir de 00h00 (zero hora) de 30 de novembro de 2013" - este sábado, como havia sido divulgado no início do mês por Haddad e pelo secretário dos Transportes, Jilmar Tatto.
No texto, o prefeito de São Paulo destaca que o cartão dará "direito a viagens no período de 31 (trinta e um) dias, contados a partir da data da 1ª utilização após a recarga da tarifa". Sobre esse ponto, especificamente - os preços do Bilhete Único Mensal -, Haddad estabeleceu o que já tinha falado.
O Bilhete Único Mensal exclusivo para as viagens feitas nos ônibus da SPTrans custará 140 reais por mês. Os estudantes, nesse caso, pagam 70 reais. Já o preço do cartão integrado com o metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), 230 reais, com o direito dos estudantes assegura o benefício por 140 reais. De acordo com o que anunciou na semana passada a Prefeitura, esse valor não é a metade perfeita porque já conta com a integração com o Metrô e a CPTM, que, individualmente, custa 4,65 reais, e não 3 reais. Ainda no decreto de Haddad, asseguram-se todos os mecanismos do Bilhete Único comum que existem desde 2004, quando foi lançado.
Perfil socioeconômico
Apesar do preço relativamente alto (230 reais para o cartão integrado), a grande maioria dos cadastrados para o Bilhete Único Mensal ganha menos do que dois salários mínimos. As informações da SPTrans mostram que 65% dos passageiros têm renda individual de até R$ 1.147 mensais - valor menor do que o dobro do mínimo atual, de 678 reais.
Na hora da inscrição na página da SPTrans na internet, os interessados podem preencher um questionário socioeconômico. A reportagem teve acesso ao perfil formado pelas respostas a essas perguntas. Ao todo, 125.080 passageiros escreveram no formulário virtual entre abril, quando o cadastro foi aberto, e segunda-feira, 22. Já o número de cadastrados até as 9h30 de quinta-feira, 28, era de 153.267 passageiros.
Mulheres, estudantes e trabalhadores
A maior parte dos usuários do Bilhete Único Mensal (57%) é do sexo feminino. Já os jovens de até 24 anos representam 46% do total de inscritos para obter o benefício (outros 38% têm entre 25 e 40) e 38,3% dos que usarão o cartão trabalham e estudam. Os que só trabalham somam 29,5% e os que apenas estudam chegam a um patamar próximo desse, de 29,4%.
No quesito econômico, chama a atenção que um terço dos cadastrados (33,3%) recebe até um salário mínimo. Isso significa dizer que o Bilhete Único Mensal integrado (o único que permitirá viagens de ônibus, metrô e trens por um preço fixo por mês), ao custo de R$ 230, corresponderá a 34% da renda mensal. Na outra ponta do espectro financeiro, quem ganha acima de R$ 9.263,00 (ou quase 14 salários mínimos) representa apenas 0,5% de todos os interessados no cartão, segundo as estatísticas da SPTrans.
Também são proporcionalmente poucos os passageiros do grupo entre 51 e 60 anos de idade que aderiram ao benefício: correspondem a 5% do total. Os interessados que já concluíram o ensino superior respondem por 22,1% do total de inscritos. Quando o aspecto considerado é a escolaridade, a grande maioria (64,2%) afirmou ter concluído o ensino médio.