O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em Montes Claros na quinta-feira, 22, a decisão do governo federal de instalar no município um dos três complexos de unidades industriais para a produção de biodiesel da Petrobras. Serão investidos R$ 80 milhões na usina, que entrará em operação em 2007. A unidade terá capacidade para produzir 48 milhões de litros de biodiesel/ano, gerando receita de R$ 50 milhões no período, em benefício de 15 mil famílias de agricultores familiares que se ocuparão da produção de mamona e pinhão-manso, matérias-primas do combustível.

Ao fazer o anúncio, o presidente brincou com o tom pejorativo da expressão vai plantar mamona.

- Agora, quando mandarem você plantar mamona, estarão dizendo: plante que você vai ganhar algum dinheiro - brincou.

Ele garantiu que o objetivo é contemplar os pequenos agricultores. Por isso, num primeiro momento não será permitida produção em larga escala. Bem-humorado, Lula, que veio à cidade fazer uma série de inaugurações e anunciar investimentos, confidenciou que a usina de biodiesel é seu xodó, além de dona Marisa.

Ele previu que com a fabricação do novo combustível o país deixará de importar óleo diesel, gerando economia de recursos que poderão ser utilizados na área social. Outra conseqüência positiva, apontada por Lula, é que para cada trabalhador empregado na fábrica outros mil estarão no campo, no cultivo da mamona e do pinhão-manso.

Lula anunciou, ainda, a liberação de R$ 2 milhões para a construção do Centro de convenções e eventos na cidade.

- Athos, fique de olho. A obra tem que começar em janeiro próximo, senão o povo vai cobrar do presidente - alertou, pedindo ao prefeito que cobre a execução do Centro ao ministro Walfrido Mares Guia (Turismo).

Atendendo a uma reivindicação do prefeito Athos Avelino, que cobrou a reforma da BR 135, o presidente Lula informou que o governo federal vai voltar a assumir as reformas das estradas federais, que tinham sido repassadas aos governos estaduais durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele explicou que a União havia repassado recursos para que os estados assumissem 14.000 quilômetros de estradas federais, em 10 estados, através da medida provisória 82. Minas Gerais recebeu R$ 780 milhões durante o governo Itamar Franco, mas as reformas, inclusive a da BR 135, não saíram do papel.

Segundo Lula, o ministério dos Transportes pretendia fazer o serviço, mas o TCU - Tribunal de contas da União não aceitou, por ser responsabilidade dos estados. Agora, com a aquiescência do TCU, garantiu que as reformas serão feitas pelo governo federal, já a partir do mês que vem, depois de reunião com os governadores. O governo federal deve bancar 70% dos custos, ficando o restante para os estados.

O presidente desembarcou no aeroporto de Moc por volta das 11 horas, acompanhado pelo vice-presidente José Alencar, pelos ministros José Saraiva Felipe (Saúde), Luiz Dulci (Secretaria-geral da presidência da República), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Hélio Costa (Comunicações) e Walfrido Mares Guia (Turismo).  Recepcionado pelo prefeito Athos Avelino, seguiu para o mercado central, onde inaugurou a Farmácia popular, junto com o prefeito Athos Avelino, o ministro Saraiva Felipe e o secretário municipal de Saúde, João Batista Silvério. No mercado, local escolhido pelo próprio Athos por representar o símbolo da administração participativa e popular comandada por ele, o presidente inaugurou também o Samur - Serviço de atendimento móvel de urgência e o CEO - Centro de especialidades odontológicas, além de anunciar a construção do restaurante popular.

Durante a solenidade, que reuniu centenas de pessoas na área externa do mercado, foram celebrados vários convênios na área de saúde, beneficiando hospitais de Montes Claros. Em seu discurso, Athos Avelino lembrou que a última vez que a cidade recebeu um presidente da República, em visita oficial, foi em 1980, ainda durante a ditadura (era presidente o general João Baptista de Figueiredo).

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