Bióloga acusa acadêmica da UFRJ de ofensa

Heloisa Aruth Sturm
14/11/2012 às 21:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:18

A bióloga Andréia Silva de Souto, ex-aluna de doutorado na Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entrou na Justiça para conseguir o cancelamento de sua matrícula e a liberação de seu histórico escolar, para assim tentar se inscrever em outra instituição. O processo tramita na 16ª Vara da Justiça Federal e seria uma demanda aparentemente simples, mas Andréia também está pedindo uma indenização por danos morais à UFRJ, alegando que teria sido ofendida e humilhada por sua ex-orientadora, Suzana Borschiver.

O desentendimento entre aluna e professora teria ocorrido no ano passado, após Andréia voltar da Universidade do Porto, onde passou um ano com uma bolsa de estudos, por indicação da orientadora, que já havia sido professora visitante na instituição portuguesa. De acordo com o advogado de Andréia, Alexandre Barenco, a aluna teve uma discussão com a professora a respeito de sua atuação enquanto estudava no exterior, e teria sido agredida verbalmente em virtude de sua origem humilde, já que viveu durante muitos anos no Complexo da Maré, conjunto de favelas na zona norte do Rio.

Segundo ele, a orientadora teria dito que o lugar de Andréia não era na UFRJ e que ela "não tinha capacidade intelectual nem de respirar, tinha cara de pobre e de faxineira, e sua vida acadêmica iria acabar". A declaração consta em um Boletim de Ocorrência registrado na 37ª DP em 2 de agosto de 2011, data da discussão. Na época, o caso foi arquivado porque, segundo Barenco, a universitária "não estava em condições psicológicas de comparecer" à audiência que estava marcada para outubro daquele ano.

A orientadora afirmou que em nenhum momento discriminou ou ofendeu a estudante, e disse que a discussão limitou-se a questões acadêmicas, já que Suzana cobrou de Andreia um retorno sobre os estudos que ela deveria ter feito em Portugal. Suzana também disse que a aluna não cumpriu com suas obrigações de pesquisa, tendo tido inclusive a bolsa suspensa durante um mês, em março de 2011, por não comparecer às aulas. A professora não autorizou que ela ficasse por mais um ano em Portugal.

A discussão teria começado quando as duas estavam em reunião na UFRJ e Suzana não aceitou o pedido de Andréia para trancar o curso. Segundo Suzana, a aluna teria se alterado com a conversa. "Nunca falei nada daquilo. Pelo contrário, eu incentivei a aluna e abri as portas para ela fazer esse estágio no exterior. Eu nem sabia onde ela morava, nunca nem perguntei. É a primeira vez que sofro uma acusação desse tipo, e já estou tomando as medidas judiciais cabíveis contra esse crime de calúnia".
A UFRJ não se pronunciou sobre o caso.
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