O Brasil perdeu muito com embargos desde a descoberta dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no
Paraná. A medida de acabar com os focos veio meio tardia, conforme acredita inclusive o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues
Valéria Esteves
Repórter
O Brasil pode se livrar da febre aftosa em dois anos. Pelo menos é o que tem divulgado o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Em audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado realizada nesta semana, quando se discutia o que fazer quanto o embargo às exportações de carne bovina brasileira para a UE -União Européia, o ministro vislumbrou a possibilidade de num prazo médio de dois anos, o país ser considerado zona livre de aftosa.
Segundo nota publicada pela Agência Brasil, Stephanes disse que essa postura é puramente comercial, não tem nada quanto à sanidade e qualidade do produto brasileiro, que é defendido por comerciantes e consumidores europeus.
E ressaltou que a questão da sanidade foi elogiada, inclusive, pela última missão técnica da UE, que esteve aqui em novembro passado.
Segundo Stephanes, o trabalho de fronteira, realizado em parceria com o Paraguai, “está indo muito bem”. Os dois países, disse, conseguiram vacinar 96% dos rebanhos bovinos numa faixa de 30 quilômetros de fronteira (15 quilômetros de cada lado).
Ele admitiu, no entanto, dificuldades com a Bolívia, onde o ministério ainda não conseguiu interlocutores e, por isso, desenvolve ações na faixa fronteiriça de 15 quilômetros no lado brasileiro e impõe barreiras ao trânsito de animais bolivianos para o Brasil.
Além disso, o ministro afirmou: trabalhamos com muita decisão em duas frentes para eliminar eventuais áreas de risco desconhecido, na Amazônia e em alguns estados do Nordeste.
O ministério acrescentou, também trabalha com organismos internacionais e países vizinhos a fim de eliminar a aftosa da América do Sul nos próximos três anos. Com este objetivo, informou, será realizada reunião em março, em Porto Alegre (RS).
TRABALHO DE PREVENÇÃO EM MINAS
Em Minas Gerais, a secretaria de estado da Agricultura, por meio do IMA, vem executando há alguns anos novas ações para evitar a contaminação do rebanho pelo vírus da febre aftosa. No pacote de medidas adotadas, estão a criação do serviço para denunciar os produtores que não estejam vacinando seus animais, o reajuste das multas para os produtores que não cumprirem a determinação de vacinar, o aumento do número de exames sorológicos para confirmar a ausência do vírus da doença em território mineiro e a identificação da carne vendida no estado, além de uma melhor distribuição das barreiras sanitárias fixas e móveis com os estados vizinhos.
Desde novembro de 2005, está funcionando o programa Ligue Minas Aftosa (0800-9402000), que recebe as denúncias sobre a falta de vacinação, de vacinas em alguns municípios do estado, além de tirar dúvidas.
De acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária, o trabalho de erradicação da febre aftosa na América do Sul, especialmente naqueles países que têm fronteiras com o Brasil, é tarefa indispensável para acabar com a ocorrência da doença no território nacional.
Hoje, o governo brasileiro tem corrido atrás do prejuízo no sentido de combater os focos da aftosa. Os focos descobertos nos últimos anos provocaram muitas perdas, conforme especialistas na economia nacional. Atualmente a União Européia é quem tem ditado as regras para o Brasil, no que tange a exportação de carne. Sendo assim decretou embargo mais uma vez ao produto nacional fazendo com que cerca de 500 mil toneladas de carne que seriam mandadas para a União Européia ficasse no mercado interno. O feito fez com que a carne perdesse um pouco do preço no território nacional, ainda que o governo brasileiro esteja às pressas tentando negociar a venda dessas carnes com a Guiana Francesa, apesar de o governo italiano está meio de pé atrás, devido à distância com que o produto terá que percorrer, afirmam especialistas. A carne sairia de um porto no Brasil e iria para a Itália para ser conferida. Por enquanto, as negociações estão em vias de tramitação, conforme o ministério da Agricultura.