Cadeia produtiva de orgânicos busca ampliar a participação na agroecologia

Lídia Salazar - Especial para Força do Campo
Publicado em 27/05/2015 às 08:22.Atualizado em 17/11/2021 às 00:13.
O mercado de produtos orgânicos vem registrando crescimento nos últimos anos. Eles são procurados, principalmente, por consumidores que não abrem mão de alimentos sem agrotóxicos, conservantes e inseticidas, e que sabem que, apesar de terem os preços bem mais elevados, têm mais nutrientes.
 
O Ministério da Agricultura estima que a área de orgânicos no Brasil é de cerca de 750 mil hectares, contando com mais de 10 mil produtores e aproximadamente 13 mil unidades de produção. O Sudeste é a maior área produtiva, chegando a 333 mil hectares. As vendas diretas de produtores a consumidores são um dificultador para a certeza dos números deste mercado.
 
A regulamentação dos orgânicos no país começou a ser construída em 2007, mas só em 1º de janeiro de 2011 todos os produtos comercializados com essa chancela passaram a ter a obrigação de conter o selo do Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica.
 
Por ser um mercado relativamente novo, Minas não possui dados oficiais, segundo instituições do governo procuradas por Força do Campo.
 
Há três anos, Marlene Teixeira faz parte da Associação de Agricultores Agroecológicos e Biodinâmicos da Serra do Rola-Moça. Ela ajuda na produção de hortaliças, como alface, cebolinha, mostarda, rúcula, agrião, espinafre, brócolis, entre outros.
 
“Nossos produtos não têm agrotóxico. Usamos os defensivos dos próprios nutrientes, esterco de gado e garapa da cana como adubo, entre alternativas naturais em todo o processo produtivo. As folhas têm consistência e durabilidade, diferente das produzidas com fertilizantes e aditivos químicos, além de serem muito mais saudáveis”, pontua os benefícios.
 
Segundo ela, o trabalho de produzir alimentos orgânicos é muito maior do que os tradicionais. Por isso, os industrializados custam bem menos. “A produção funciona de acordo com o tempo, a terra, a água. São fatores que demandam cuidados diários, mas que são provenientes da própria natureza”, explica Marlene.
 
Café
 
Em Piedade dos Gerais, que fica a 130 km de Belo Horizonte, Maria da Conceição Lara trabalha com café orgânico desde 2004. Para ela, a principal recompensa da produção especial é a saúde.
 
“Tanto para nós que lidamos com a plantação e podemos andar descalços na lavoura sem medo, como para os consumidores que estão bebendo um café muito mais saudável, puro e gostoso”, diz.
 
Em 2014, Maria da Conceição produziu 56 sacas do café pronto para exportação. Para este ano, ela espera aumentar a quantidade para participar de feiras e exposições, já que tem visto a aceitação cada vez maior do produto no mercado. “Vendo para cafeterias em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, para os supermercados de Piedade e Piracema e diretamente de casa em casa para clientes próximos. Muitos falam comigo que preferem diminuir o consumo de outras coisas que parar de tomar o meu café”, orgulha-se.
 
Semana especial em defesa dos alimentos saudáveis
 
No último domingo, em Brasília, foi aberta a Semana Nacional dos Alimentos Orgânicos. Realizada simultaneamente em diversas capitais do país até a próxima sexta-feira, o objetivo é promover a cadeia produtiva do setor.
 
São várias atividades e palestras que visam oferecer informações gerais aos consumidores sobre produtos orgânicos, bem como onde encontrá-los e como são produzidos. Cada Estado tem sua programação.
 
Em Minas Gerais, são realizadas atividades em Belo Horizonte, Sete Lagoas, Descoberto, Uberlândia e Monte Carmelo, que vão divulgar os benefícios ambientais, sociais e nutricionais desses alimentos.
 
O encerramento da Semana dos Alimentos Orgânicos na capital mineira será com uma palestra da profissional em medicina alternativa Bárbara Goloubeff, com o tema “Bem-estar animal ou bem-estar humano?”, às 9h, no auditório da Casa de Educação Ambiental, da Fundação Zoobotânica, na Pampulha. Informações: agricultura.gov.br/organicos.
 
No último dia 22, representantes de vários órgãos do setor agrário se reuniram na Emater-MG, em Belo Horizonte, para discutir os desafios e propostas da agroecologia.
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