Cadeia produtiva do biodiesel envolta a gargalos

Jornal O Norte
07/04/2008 às 10:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:29

Valéria Esteves


Repórter

Prestes a colocar em funcionamento a usina de refinamento de óleo para o biodiesel os questionamentos e possíveis ações a favor da organização da cadeia produtiva ainda é pauta de muitos eventos e conversas no Norte de Minas e no Brasil. O presidente da república tem gritado aos quatro ventos que hoje o Brasil entrou em campo como craque, e como tal,sabe bem como dar embaixadinhas sem deixar a bola cair, ou melhor, sem deixar outros espertos tomarem a futura liderança no mercado de produção de energia renovável.




Nada resolvido:
No Norte de Minas os produtores ainda não


sabem qual oleaginosa plantar (foto: WILSON MEDEIROS)

E como ele bem diz: são trinta anos de experiências e avanços em pesquisas no seguimento das oleaginosas e o clima tropical é um fator que nos favorece.

Enquanto isso, aqui no Norte de Minas a inadimplência com o público alvo, agricultura familiar com o Banco do Nordeste é de 15%. Por enquanto o BNB que financia pesquisa de oleaginosas da Epamig- Empresa de pesquisa Agropecuária de Minas Gerais não deu sinal de liberação de recursos para quais quer produções de oleaginosas antes que a pesquisa assegure a produtividade e a viabilidade econômica dessas lavouras.

Os pesquisadores têm dito que a mamona tem um alto custo de produção e o mais agravante é que no processo de aproveitamento não tem utilidades para agregar valor ao produtor porque não se aproveita o bagaço para fazer ração, por exemplo. Apesar de o governo federal também não reconhecer o pinhão manso como uma cultura de viável e rápida produção para os pequenos agricultores nesse momento, afirmam analistas.

Em Montes Claros, a última semana foi marcada pelo encontro do biodiesel que aconteceu na Unimontes onde os agentes da cadeia produtiva do biodiesel discutiram ações para resolver os gargalos existes. Os papéis ainda não estão bem claros para alguns agentes, conforme os produtores que não sabem nem o que vão plantar. No entanto, a Petrobras vai utilizar, num primeiro momento, mamona e serão necessários, segundo cálculos da Emater que 30% dessa oleaginosa seja oriunda da agricultura familiar como forma de promover inserção social e ainda gerar emprego e renda.

Segundo o coordenador do programa de energia, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Marcelo Franco disse que ainda é preciso vencer o gargalo da falta de mão-de-obra qualificada no seguimento da engenharia bem como orientar os agricultores que precisam de informações sobre as produções a que se destina o biodiesel. No encontro em Montes Claros, disse que o evento serviu justamente para falar sobre mercado e negócio, além de falar sobre custos de produção, propspecção de oportunidades, capacitação de recursos humanos e enfim, melhorar a capacidade produtiva de toda cadeia envolvida na produção do biocombustível.

PROBLEMÁTICA

Um dos problemas é que as empresas produtoras de matéria-prima acreditam que isso não tem como se realizar devido à alta demanda de litros do biocombustível, e principalmente com relação à política de incentivos tributários.

A Petrobras acredita que poderá comprar o óleo em seus pontos estratégicos, o que seriam seus projetos fincados em algumas regiões do Brasil, a exemplo de usinas nas regiões do semi-árido e Nordeste, além de outras regiões do país. Só para começar a problemática, a usina instalada em Montes Claros ainda está em fase final, mas a produção está atrasada, de acordo com cronograma da Petrobras.

A expectativa é de que o Brasil irá produzir 1,118 bilhão de litros de biodiesel ao ano e a estimativa é que produza este ano, 39,75% mais que a demanda de 800 milhões de litros esperada para suprir a mistura mandatória de 2% ao diesel de petróleo, a B2.

Há dois anos, o então coordenador da Comissão executiva interministerial do biodiesel, Rodrigo Augusto Rodrigues informou, que os volumes são somente do combustível com selo social, ou seja, os que têm como matéria-prima grãos produzidos pela agricultura familiar e os únicos que podem ser adquiridos por leilões públicos.

De acordo Rodrigo, o volume disponibilizado em 2008 será a soma dos 49 milhões de litros por ano oferecidos pelas cinco unidades já existentes, dos 61 milhões de litros, a serem produzidos, empresas em fase de regularização e pelos 24 projetos em construção ou em projeto.

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