Cadeia produtiva quer tornar a ovinocaprinocultura rentável

Jornal O Norte
14/12/2006 às 11:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:46

Valéria Esteves


Repórter


onorte@onorte.net

Cadeia produtiva da ovinocaprinocultura se reúne para saber como anda sua organização para fortalecer as bases. No Norte de Minas sete núcleos trabalham pela estruturação da cadeia e discutiram ontem no Sebrae como foram as ações em 2006 e as que vão reger o setor em 2007.

Segundo Geraldo Magela Noronha, coordenador do projeto Aprisco, na região de Montes Claros, ainda há muita demanda e pouca oferta da carne de ovinos e caprinos. Isso se deve, em sua visão, à insegurança dos produtores em produzir uma raça diferente, já que estão acostumados a criar gado na região.

- Não há uma propriedade que tenha apenas ovinos e caprinos na região. Os produtores só criam se tiver um espaço sobrando em sua fazenda, ainda não tratam a atividade como negócio, como fazem com a bovinocultura, mesmo quando a crise assombra no preço da arroba - diz.

Na reunião estavam presentes representantes da Caprivale, Accomontes - Associação dos criadores de caprinos e ovinos do Norte de Minas, Ascovs - Associação dos criadores de ovinos e caprinos do Vale do São Francisco, banco do Nordeste, Codevasf - Companhia de desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba, Sebrae, produtores, entre outros. A pauta também foi tratou dos projetos que devem entrar em vigor no próximo ano. Um deles, que conta com a parceria da Codevasf, pretende dispor de um laboratório móvel para fazer exames de fezes dos animais nas propriedades, e tem, ainda, o propósito de comprar motocicletas para facilitar as visitas técnicas dos agentes de desenvolvimento rural.

A parceria prevê que a Codevasf disponha de R$ 447 mil para aplicar em melhoramento genético dos animais, assistência técnica, inseminação artificial nas fazendas, assistência veterinária e unidade móvel para feitura de exames laboratoriais.

- Vivemos numa região pobre e é preciso acreditar que há espaço no mercado para a carne nobre de ovinos e caprinos. Pensamos que daqui a uns 10 anos teremos a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura estabilizada e dentro do mercado competitivo, como tem acontecido aos poucos. Depois do selo nossas vendas melhoraram

O Sebrae apresentou, ainda, estratégias novas para 2007 no sentindo de colocar em prática a gestão estratégica orientada para resultados. O primeiro passo que a Accomontes deu foi criar o selo Berro Norte. Depois dele, conforme relatos da presidente da Accomontes, Maria Idalina Almeida a procura por animais da região tem crescido e cargas estão sendo mandadas para Rio Verde, em Goiás, periodicamente.

Vale lembrar que ainda existe a dificuldade em se formar cargas porque faltam animais, que, de acordo com Geraldo, é formada por 140 animais e nem sempre se fecha. Outra grande aposta do setor é promover mais cursos sobre gastronomia, oportunidade de as pessoas conhecerem como preparar carnes e inserir ao cardápio pratos feitos à base da carne de ovino e caprino.

Esses cursos aconteceram neste ano em algumas cidades como Janaúba, Januária, Nova Porteirinha, Coração de Jesus e São João da Lagoa, e já está previsto para fevereiro mais dois para Montes Claros.

- Estamos trabalhando para produzir animais com boa carcaça para serem vistoriados antes do embarque e mandados para os frigoríficos. Nossa expectativa quanto à melhoria na atividade se deve ao interesse do mercado em consumir carnes exóticas como as que temos - conclui.

A reunião tratou de tudo que envolve a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura, agora cabe aos núcleos se organizarem para obter resultados positivos, de acordo com o Sebrae.

PROJETO APRISCO

No Norte de Minas o Sebrae tem usado os mesmos métodos do projeto Aprisco, desenvolvido no Nordeste, e isso é que tem feito a diferença no desenvolvimento da cadeia. O projeto Aprisco está presente em 9 estados nordestinos e por obter resultados positivos na criação de cabras, ovelhas e bodes foi implantado no Norte de Minas. Os municípios de Coração de Jesus, São Francisco, Porteirinha, Januária, Janaúba, Manga, Nova Porteirinha entre outros já adotaram o Aprisco como propulsor do desenvolvimento sustentável dos criadores de ovinos e caprinos.

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