Cadeias importantes em MG, como siderurgia e agroindústria, têm potencial para puxar outros setores

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
Publicado em 24/05/2016 às 20:06.Atualizado em 16/11/2021 às 03:35.


Apesar da forte queda na produção, os setores siderúrgico e automotivo podem atuar como aceleradores do crescimento da indústria mineira nos próximos anos, ao lado de laticínios, carnes e corretivos agrícolas. A reversão do cenário poderá ser estimulada pelos investimentos privados e aumento das exportações.

Segundo levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do Projeto de Competitividade Industrial Regional (PCIR), existem 21 setores dinamizadores da economia mineira. Dentre eles, os cinco são vistos como aqueles com maior potencial de reversão do atual quadro recessivo. 

“Se estimulados, esses setores são aqueles que possuem uma maior in-teração com os demais, uma vez que possuem uma extensa cadeia produtiva. Por causa disso, eles conseguem maior apoio governamental e investimentos”, afirma a gerente de projetos para a indústria da Fiemg, Simone Porto, que é uma das responsáveis pelo PCIR. 

O setor siderúrgico, responsável por cerca de 11,9% da produção mineira, sofre hoje com a redução internacional da demanda de aço, aliada à superoferta global do insumo. Ele deverá ser beneficiado, em médio prazo, pelo aumento dos investimentos em infraestrutura no Brasil, segundo o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer. 

A promessa do presidente interino Michel Temer é estimular os aportes privados por meio de concessões e parcerias público-privadas, além de privatizações. Se levado adiante esse plano, ele poderá estimular a construção pesada e, por consequência, melhorar as vendas internas de aço. 

Já o setor automotivo não deverá contar com o mercado interno inicialmente. O vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Pedro Paulo Pettersen, acredita que as exportações viabilizarão um aumento das vendas e produção das montadoras nacionais. “Já existem negociações com o Irã, por exemplo, que pretende iniciar um programa de renovação de frota. As montadoras brasileiras poderão aproveitar esse tipo de situação para aumentarem as vendas”, afirma. 

No caso dos setores de laticínios, carnes e corretivos agrícolas, a leitura é um pouco diferente, como lembra Simone. São segmentos que estão sofrendo menos com a crise. Minas é o principal produtor de laticínios, além de ser o terceiro do país na fabricação de produtos de carne. O fato de o Brasil ser relevante produtor agrícola conta ponto para a indústria de corretivos agrícolas.

Retração no Estado é geograficamente generalizada 

A crise econômica, que em Minas Gerais começou a ser sentida em setores com viés exportador, agora está se generalizando na indústria local. Além se espalhar entre vários setores, a retração tem penalizado praticamente todas as regiões do Estado, com queda na produção, fechamento de empresas e demissões em massa.

No primeiro trimestre do ano passado, as fábricas produtoras de bebidas, produtos químicos, couro e calçados, celulose, papel, derivados de petróleo e biocombustíveis apresentaram faturamento positivo na pesquisa de Indicadores Industriais (Index) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Mas, neste ano, todos os 16 setores analisados apresentaram queda. 

“A crise começou em setores exportadores, principalmente em Minas, onde somos muito dependentes de commodities”, afirma o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior. Quando analisados os mesmos dados por região, apenas o Norte de Minas não apresentou retração no primeiro trimestre frente ao mesmo período de 2015. A região Norte teve um crescimento de 26,8% no faturamento do primeiro trimestre frente ao mesmo de 2015. Segundo o presidente da regional Norte da Fiemg, Adauto Marques, o que colaborou para o crescimento foi o fato de a região estar inserida na área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Na prática, isso significa que as empresas que se instalarem nas cidades da região recebem benefícios fiscais e podem contar com Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE). “Estamos no Sudeste, com incentivos do Nordeste. E isso é um grande diferencial em época de crise”, afirma. 

Na outra ponta, o pior desempenho entre as regiões no primeiro trimestre ficou por conta do Centro-Oeste, com queda de 23,4%. O resultado foi puxado pelo mau desempenho da metalurgia e do setor têxtil na região. O presidente da Fiemg na regional, Afonso Gonzaga, explica que 27% da produção local vêm da metalurgia. “Esse ano já acabou. A sobrevivência das empresas é por insistência. Estamos vivendo o pior momento da história do setor aqui na região”, afirma.

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