Câmara dos Deputados: a casa do espanto para os brasileiros

Do Hoje em Dia
Publicado em 21/01/2013 às 06:19.Atualizado em 21/11/2021 às 20:49.

A Câmara dos Deputados não para de surpreender os brasileiros. Como nesta notícia divulgada neste fim de semana: os funcionários da Casa que não estejam dispensados de assinar ponto de frequência vão poder assinar até 15h da tarde e não mais até 10h da manhã.

Sim, na Câmara dos Deputados, até hoje se assina ponto, embora em 2010, depois de reportagens denunciando a existência de funcionários-fantasmas, a Mesa Diretora tenha autorizado a compra, por R$ 1,8 milhão, de 92 aparelhos de pontos eletrônicos. Eles foram comprados e instalados, mas são usados apenas para registrar horas-extras, que são pagas a todos os que trabalham depois das 19h.

Um jornal paulista descobriu que o prazo para assinar diariamente o ponto de entrada ao serviço foi mudado recentemente, a pedido de funcionários. Eles alegavam que não conseguiam chegar ao serviço até 10h da manhã, depois de terem feito hora-extra no dia anterior. Normalmente, o funcionário deve trabalhar oito horas por dia. Mas, mesmo que chegue ao trabalho às 15h, pode registrar, ao assinar o caderno de pontos, como se tivesse chegado horas antes. E pode até assinar logo o ponto do dia seguinte, pois não há controle sobre isso.

A Casa emprega mais de 16 mil pessoas, que estão entre os mais bem pagos trabalhadores do Brasil. A medida possibilita que pelo menos 4,8 mil funcionários compareçam ao trabalho no meio da tarde, sem desconto no seu contracheque. São aqueles que, por concurso ou por indicação política, trabalham nos escritórios das lideranças partidárias, nas comissões e nas áreas administrativas. Todos os outros, lotados nos gabinetes dos deputados, não precisam assinar ponto de presença.

Essa notícia ganha peso, num momento em que se descobre que um assessor do deputado Henrique Eduardo Alves desviava recursos de emendas parlamentares para obras que eram faturadas pela empresa do próprio assessor. Esse deputado do PMDB do Rio Grande do Norte faz campanha para ser presidente da Câmara dos Deputados. Já demonstrou que não teve controle sobre alguém que trabalhava há 13 anos em seu gabinete. Como esperar que ele possa administrar melhor os 16 mil?

É hora de lembrar o discurso de Gilberto Freyre, ao se despedir, em dezembro de 1950, da Câmara dos Deputados, depois de não conseguir se reeleger deputado por Pernambuco. É uma Casa importante para a democracia, e um dia, certamente, o eleitor vai aprender a escolher melhor seus representantes.
 

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