SÃO PAULO – O Brasil registra mil gestações de anencéfalos por ano. A gravidez de fetos sem cérebro, porém, pode ser prevenida. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lançou, na última quinta-feira (30), uma campanha nacional de estímulo à suplementação de ácido fólico em gestantes.

A substância, também chamada de vitamina B9, pode evitar, além da anencefalia, a espinha bífida, que surge quando parte da medula fica exposta. Os dois problemas são causados por Defeitos Abertos do Tubo Neural (DATN).

PREOCUPAÇÃO

De acordo com a federação, um em cada mil bebês brasileiros nasce com DATN, número que preocupa a comunidade médica. Além disso, todos os anencéfalos morrem, segundo o presidente da Comissão de Medicina Fetal, Eduardo Borges da Fonseca.

Ele explica que o DATN acontece devido à deficiência de folato na mulher, durante a formação do sistema nervoso central do bebê, a partir do 17º dia da concepção.

“O problema é que, nesse período, a mãe ainda nem desconfiou da gravidez, pois ainda não constatou o atraso da menstruação”, afirma.

Daí a importância do planejamento familiar e da suplementação com ácido fólico sintético pelo menos 30 dias antes da concepção. A ingestão deve ser mantida até três meses depois da fecundação.

 “A deficiência do folato pode impedir a renovação adequada no momento da formação do sistema nervoso central. Com uma campanha efetiva de suplementação, podemos reduzir em até 85% os casos de DATN”, diz Fonseca. O ácido fólico sintético é distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O médico também defende a fortificação de farinhas com ácido fólico como forma de prevenir a má-formação.

CUIDADO

A escritora Mariana Botelho, de 29 anos, está grávida de três meses e meio e toma ácido fólico desde o primeiro mês. Só não deu início à suplementação antes porque a gravidez foi inesperada.

De olho na saúde do filhote, a futura mamãe faz corretamente o pré-natal. “Se for menino, vai se chamar Ravi”, diz.

A Febrasgo vai distribuir 30 mil guias práticos sobre a importância do ácido fólico antes da gravidez, além de três milhões de unidades da vitamina em todo o país. l

*A repórter viajou a convite da Febrasgo

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