CAMPINAS - Na contramão do país, a cidade de Campinas, no interior de São Paulo, passa por uma grave epidemia de dengue - que pode se transformar na maior de sua história.
Já são 5.946 casos de dengue notificados em 2014, dos quais 2.793 tiveram confirmação da doença por exame, segundo balanço divulgado nesta semana pela prefeitura.
Cem desses casos estão em nível de "alerta", quando há sintomas como dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento da gengiva.
O crescimento dos casos confirmados é de 168% em apenas dez dias, sendo que abril é considerado o mês mais crítico para a proliferação da doença.
Nenhuma morte foi confirmada até o momento, mas há pelo menos um caso sob investigação.
Diante da situação, a Prefeitura de Campinas anunciou uma série de medidas para tentar combater a proliferação da doença.
Uma delas inclui pedido na Justiça para entrar em imóveis com suspeita de foco do mosquito transmissor da doença - segundo a Secretaria de Saúde, as equipes não conseguiram entrar em quase metade dos imóveis visitados até o momento.
"A saúde pública está acima de alguns direitos individuais", disse o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), ao anunciar a medida.
"Estamos lidando com uma epidemia mais grave do que nos anos anteriores", diz Cármino de Souza, secretário municipal de Saúde. "Não vamos acabar com a epidemia. Vamos tentar diminuir o número de casos e mitigar os problemas."
Segundo o secretário, a região metropolitana de Campinas já concentra 25% dos casos de dengue registrados em todo o Estado.
Até hoje, os dois anos mais críticos na terceira maior cidade do Estado, que tem cerca de 1,1 milhão de habitantes, foram 2007 e 2013. Os casos confirmados chegaram a 11 mil há sete anos e quase 7.000 no ano passado.
Nos dois primeiros meses deste ano, os casos confirmados (1.169) superaram os do mesmo período de 2007 (1.091 casos).
Dois terços dos casos se concentram na região noroeste da cidade, onde as ações da prefeitura serão concentradas.
Conhecida como Campo Grande, a região já tem 1.851 casos confirmados. "Os números já apontam essa questão epidêmica", diz o prefeito. "Diante desse quadro que se apresenta, estamos tomando as ações necessárias."
Além do pedido judicial, a prefeitura pediu e vai receber o reforço de cem homens do Exército e de mais dez equipes da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), do governo estadual --atualmente são seis atuando na cidade.
No mês passado, o Ministério da Saúde divulgou que o número de notificações da doença caiu 80% em 2014, na comparação com 2013 --de 427,7 mil para 87 mil casos.
Já na ocasião, os dados eram alarmantes para Campinas, que ocupava a quarta posição no número de notificações: 1.739 até então. Em poucas semanas, o número de notificações cresceu 242%.