Abundante em cenas históricas, a série documental "Cale-se - A Censura Musical" é a nova aposta do Canal Brasil (Globosat). A produção fala da produção musical brasileira na época da ditadura militar, e tem direção de Marcus Fernando e Belisário França. Cada episódio narrará histórias e momentos enfrentados pelos artistas brasileiros diante do AI5, que previa censura prévia na produção cultural brasileira. A série estreia amanhã, às 21h. 

Em tempos de richas políticas, com artistas se posicionando em um dos "lados", e de uma pretensa "guerra" entre a direita e a esquerda brasileiras, a série deve dividir opiniões.

Por meio de números históricos, além de outros produzidos especialmente para a atração, o público será apresentado, ao longo da série, a um repertório vetado pelos censores e suas motivações mais surpreendentes. Imagens da época e depoimentos de compositores coibidos, artistas exilados, advogados, jornalistas e pesquisadores trazem à tona os bastidores do cerceamento artístico no fim da década de 1960 e início dos anos 1970.Reprodução Canal Brasil

Geraldo Azevedo é um dos artistas que aparecem em "Cale-se", que estreia amanhã, às 21h no Canal Brasil

Primeiro episódio

O primeiro episódio dá uma mostra do que será "Cale-se", que tem nome inspirado na famosa canção de Chico Buarque. Começa relembrando o golpe de1964, com depoimento do jornalista e escritor Ricardo Cravo Albin, grande pesquisador da música brasileira.

O episódio apresenta rico material de imagens históricas da época, e depoimentos de artistas, além de trechos de apresentações antigas das canções retratadas pela narrativa.

Artistas convidados aparecem em um formato padrão, clássio ducumentário, com personagens em plano americano e um cenário de chroma key que muito lembra outras produções sobre o tema, o que enfraquece um pouco a produção - o que não compromete a qualidade do conteúdo apresentado.

Um dos (bons) atrativos da série é a apresentação de musicais de canções que retratam o momento discutido na obra, lembrando obras famosas, como "Para não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré. No entanto, poderia ser menos longo (principalmente pela duração dos episódios, com cerca de 25 anos).

O ponto alto do primeiro episódio é Geraldo Azevedo entoando a censurada "Canção da Despedida", em voz e violão, e contando a história da cançã lodo depois.

A trilha, como não poderia deixar de ser, é maravilhosa e chega a emocionar. A série não peca pelo excesso de drama, recurso tentador para o tema, e apresenta  os personagens de modo linear na narrativa que se busca.

Vale a pena conferir a estreia e os episódios sequentes.  

“Cale-se – A Censura Musical”
Horário: domingo, às 21h (estreia dia 07/08)
Classificação: Livre

Compartilhar