A comida mineira é pura tradição. De geração em geração, através de suas receitas mágicas, é na cozinha que a vida mineira se transmite e revela suas variadas influências. E em muitas receitas, a estrela principal é a carne suína, seja numa feijoada, arroz combinando com tutu, numa picanha ou bisteca suína ou em pratos mais sofisticados.
O tratamento dispensado à carne de porco, com cortes especiais e baixa quantidade de gordura, tem sido um motivo e tanto para que o consumidor se sinta atraído a comprá-la.
O balanço do abate de animais e produção de leite e ovos em Minas, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que no ano passado o corte de suínos teve aumento de 9,2% em comparação com 2013. Enquanto isso, o total de aves e bovinos abatidos caiu no Estado. “O suíno está mais bem apresentado. Havia certo preconceito por ser mais gordurosa. Mas hoje se tem até picanha de porco”, afirma o supervisor de Pesquisas Agropecuárias do IBGE, Humberto Silva Augusto, justificando a opção do consumidor pela carne suína.
Consumo
Segundo informações da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG), o consumo no Estado chega a 21 quilos per capita/ano, quantidade que aumentou em 2 quilos se comparado ao ano anterior. “Em Minas, estamos estimulando o profissionalismo nas granjas e priorizando a qualidade dos nossos produtos. Outro ponto que muito nos orgulha é perceber que bares e restaurantes mineiros usam cada vez mais a carne suína na preparação de seus pratos, muitas vezes fazendo dela a estrela do cardápio”, explica o vice-presidente da ASEMG, José Arnaldo Penna.
O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína do mundo mas, em termos de consumo per capita, ocupa a 71ª posição, com cerca de 15 quilos/ano. A média europeia é de 40-44 quilos/ano.
Tratada por muitos com preconceito, a carne suína carrega em sua bagagem alguns mitos do passado, quando os cuidados na produção estavam distantes dos patrões atuais. Para o chef Juliano Caldeira, do restaurante Rima dos Sabores, a carne suína é uma das melhores para se trabalhar na cozinha. “Muitas pessoas não fazem ideia do quanto ela é saudável e da infinidade de coisas maravilhosas que podem ser preparadas. Aqui no Rima, fazemos um joelho de porco, servido com sorvete de bacon e molho barbecue que é um show. Com apenas um dedo de gordura, ele assa em baixa temperatura – cerca de 100º C, e quando fica pronto, essa capa simplesmente desaparece e fica uma casca crocante e muito saborosa”, conta.
Mercado de carne suína no Brasil ainda pode ser expandido
O brasileiro ainda consome pouca carne suína, mas o acesso ao produto poderia ser maior caso não houvesse falhas na cadeia industrial. “Além disso, há pouca divulgação e a distribuição é deficitária”, destaca a administradora de empresas Maria Stella Saab. Na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), ela conduziu uma pesquisa sobre o perfil do consumidor nacional que analisou diferentes pontos do contato da população com a carne do porco. O objetivo do estudo foi identificar os hábitos dos compradores para que fosse possível adaptar o produto final de acordo com o seu gosto.
O consumidor ainda vê a carne suína como uma carne de baixa qualidade. Segundo Maria Stella “ainda existe no imaginário das pessoas a ideia de que o porco é um animal com pouca higiene, que se alimenta de lavagem e é criado em um chiqueiro”. A pesquisadora explica que esse tipo de criação, a cultura doméstica, é cada vez menor e a produção industrial é que não para de crescer.
É preciso que se faça entender que a carne suína é de qualidade no Brasil e que chega ao consumidor de maneira segura, sem oferecer riscos para sua saúde. Além disso, destacar que esse alimento tem importância nas dietas. “O que se percebe é que a opinião de nutricionistas e médicos conta muito para as pessoas. Por isso é preciso fazer um trabalho junto à esses formadores de opinião, de modo que eles incentivem as pessoas a comerem carne suína e a partir disso criem esse hábito”, explica.
Outro ponto destacado para o baixo consumo é o preço, que ainda é considerado alto no Brasil. “É preciso que o consumidor tenha conhecimento da diversidade de produtos derivados da carne suína. Existem produtos acessíveis a todas as classes”, garante.
Produtores se unem para incrementar consumo
Frente aos baixos números de consumo de proteína no Brasil, os suinocultores brasileiros passaram a desenvolver pesquisas e campanhas em prol do incremento de consumo. Com isso foi criado o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), ação que investe na produção, indústria e comercialização da carne suína. “No decorrer destes últimos anos, conseguimos incrementar o consumo em mais de dois quilos per capita, profissionalizamos ainda mais as granjas e as indústrias e conseguimos melhor a forma da população percebe nosso produto. Ainda temos um longo caminho pela frente” disse Antônio Ferraz, presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG).
Atuando há 40 anos, a Asemg dispõe de diversas informações para o aprimoramento da suinocultura como dados referentes ao manejo, mercado, nutrição, genética, instalações e equipamentos, além da constante busca pelas novidades que possam interessar ao aperfeiçoamento da produção do suíno.
Receita
Costela a piano (receita de Daniel Furtado)
Ingredientes
1 Kg de costela a piano (nome é uma referência ao formato que a costela toma após o preparo)
2 dentes de alho
½ pimenta malagueta
1 pitada de tomilho
1 pitada de nos moscada
½ colher de sopa de vinho branco seco
Pimenta do reino, a gosto, moída na hora
Preparo
Faça um mix com os temperos indicados e deixe a costela a costela marinando cerca de 12 horas. O preparo pode ser feito no forno: deve-se envolver a costela em papel alumínio e assar por 40 minutos. Após este tempo, retirar o laminado e deixar assar por mais uma hora e 20 minutos. Caso a costela seja preparada na churrasqueira o procedimento correto é: durante 10 minutos sele a costela em na brasa ( cerca de 10 centímetros da brasa), após a selagem, leve a costela para 35 cm da brasa e em 40 minutos ela estará pronta.
Acompanhamento - Batatas Salteadas
Ingredientes
3 batatas inglesas médias
2 colheres de sopa de manteiga
1 fio de azeite
Salsinha picada a gosto
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
Preparo
Descasque e corte as batatas em pedaços médios, leve ao fogo e cozinhe por cerca de 15 minutos ou até que atinja consistência al dente. Escorra a água e reserve. Em uma frigideira aqueça a manteiga com o fio de azeite, quando estiver bem quente acrescente as batatas, o sal e a pimenta do reino. Mexa por cerca de 2 minutos e desligue o fogo. Acrescente a salsinha e sirva junto com a costela a piano.