Causa espanto o silêncio do PSDB após prisão de tucano

31/05/2016 às 08:06.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:40

Mais do que a prisão do tucano Nárcio Rodrigues, ex-deputado federal, ex-presidente do PSDB mineiro por três mandatos e ex-secretário de Ciência e Tecnologia (2011/2014) do governo estadual, causou um “tremendo barulho” o silêncio da direção partidária estadual e nacional pelas óbvias ligações. À exceção do senador Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas no período em que Rodrigues foi secretário de Estado, ninguém disse nada. A própria nota do senador foi uma maneira de nada dizer ao justificar-se pelo desconhecimento das reais causas da operação chamada Aequalis (igualdade, em latim).

Anastasia se manifestou pelo fato de ter tido Nárcio em sua equipe de governo, mas a inauguração do megaempreendimento, tido pelo atual governo mineiro como ‘elefante branco’, foi feita, em fevereiro de 2010, pelo então governador Aécio Neves. Anastasia era o governador, mas a maior parte de seu secretariado, incluindo Nárcio, era da cota de Aécio, atual presidente nacional do PSDB. Às 19 horas de ontem, nota dizia que o partido defende investigações e punição em caso de irregularidades.

Não houve sequer manifestação de solidariedade e confiança no tucano, baseada na presunção da inocência, por parte das lideranças partidárias. Preso, Nárcio será, provavelmente, incentivado à delação premiada nos moldes aplicados pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, no âmbito da operação Lava Jato, que investiga esquema de desvios na Petrobras.

No caso do tucano mineiro, a operação teria como objetivo investigar suposto desvio de recursos para a construção do Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Águas (Hidroex), em Frutal, no Triângulo Mineiro, cidade natal e reduto eleitoral de Rodrigues. A obra foi construída durante os governos tucanos, entre 2003 e 2010.

De acordo com as primeiras informações, haveria provas de desvios de contratos relacionados ao Hidroex para captar recursos ilícitos para campanhas eleitorais do PSDB em 2012 (eleições municipais) e 2014 (estaduais).

Ao comentar a prisão, nas poucas palavras que proferiu à repórter Tâmara Teixeira, Nárcio apenas observou que o país vive uma crise política e que alguém “precisava inventar culpados para nivelar por baixo”. Ele acertou, pelo menos, em uma observação, vivemos uma crise política do qual o PT virou alvo de denúncias de todos, especialmente da oposição liderada pelo PSDB. No segundo ponto, há um erro de avaliação, pois todos são iguais perante a lei e devem, mais do que antes, prestar contas de eventuais malfeitos. Se os cometeu ou não, a oportunidade será propícia aos esclarecimentos.

Uma demissão por semana
O governo provisório de Michel Temer (PMDB) também surpreende pela velocidade de seu desmonte. Quase que um ministro por semana cai em desgraça e é demitido. Alvo de gravações, o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, perdeu o cargo, apesar da teimosia de Temer em segurá-lo e de suas conexões perigosas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB).

Não bastou a suspeição que caiu sobre ele após a divulgação das gravações, mas muita pressão de aliados, funcionários do Ministério e até da Transparência Internacional, cobrando a queda dele.

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