Cenas de violência se tornam corriqueiras em Belo Horizonte

Hoje em Dia
21/05/2013 às 06:14.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:51

Dez estudantes que participavam na manhã de domingo de um curso de extensão no prédio da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, no campus da Pampulha, foram trancados numa sala de aula, juntamente com quatro funcionários. Ficaram sob a vigilância de um bandido, enquanto outros quatro arrombavam, com um maçarico, o caixa eletrônico do Banco do Brasil instalado no local. A polícia tenta identificar e prender os ladrões.

Cenas como essa, com algumas variantes, se tornaram corriqueiras em Minas. O estímulo é a impunidade. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado ao Ministério do Planejamento, conforme noticiou nesta segunda-feira o Hoje em Dia, mostra como até o mais sério dos crimes – o homicídio – é pouco punido no Brasil. A chance de um assassino ser identificado, julgado, condenado e preso é de apenas 5%, contra 80% na Inglaterra e 60% nos Estados Unidos.

Uma das soluções apontadas pelo Ipea é aumentar o efetivo policial. O instituto faz algumas previsões. Por exemplo, se o número de policiais civis e militares fosse elevado em 10%, o número de homicídios em Minas não seria de 3.924 num ano, como em 2012, pois 133 assassinatos teriam sido evitados.

Não basta, porém, ter o Estado mais policiais trabalhando. Precisa ter policiais que saibam identificar e prender os criminosos e juízes que os punam. É o que pensa o sociólogo Luiz Flávio Sapori, que foi secretário-adjunto da Secretaria de Defesa Social no governo Aécio Neves. Mas ele admite que é preciso aumentar o número de policiais, que somam hoje cerca de 50 mil militares e civis. O ideal seria Minas ter 60 mil PMs e 20 mil policiais civis, pois, com o efetivo atual, há um policial para cada grupo de 392 pessoas. A ONU recomenda um para 250 habitantes.

Não é fácil chegar a isso. Não existem recursos financeiros. O governo de Minas prevê arrecadar neste ano R$ 67,2 bilhões, mas só com o pagamento de juros e encargos da dívida com a União, deve gastar R$ 6 bilhões. Mesmo assim, tem um projeto para contratar, até 2015, mais 5 mil policiais, o que aumentaria em 10% o efetivo. Mas esse esforço será anulado por aposentadorias ou outras causas de afastamento dos atuais policiais.

É preciso estancar a hemorragia, antes das eleições de 2014. A taxa média mensal de crimes violentos por cem mil habitantes, que havia caído de 45 em 2005, para 20,8 em 2010, voltou a crescer. No mês passado, chegou a 36,4. 

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