Chacina de Unaí: executores são condenados, mas mandantes do crime não foram julgados

Hoje em Dia
02/09/2013 às 06:38.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:32

Passados nove anos e sete meses da chacina de quatro funcionários do Ministério do Trabalho que apuravam denúncia de trabalho escravo em fazendas de Unaí, no Noroeste de Minas, três assassinos foram condenados na semana passada a penas que variam de 56 a 94 anos de prisão. Os mandantes ainda não foram julgados.
 
No terceiro dia de julgamento, na última quinta-feira, Erinaldo de Vasconcelos Silva, um dos assassinos, acusou o fazendeiro Norberto Mânica, o “Rei do Feijão”, de ser o mandante. Ele fez a denúncia na expectativa ser beneficiado pela delação premiada.
 
Erinaldo disse que recebeu entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para matar o auditor Nelson José da Silva e quem estivesse com ele na hora. Para garantir o cumprimento do contrato, escolheu dois auxiliares: Rogério Alan Rocha Rios, e William Gomes de Miranda, a 56 anos. Na madrugada de sábado, a juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 9ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte leu a sentença. Condenou Rogério a 94 anos de prisão, Erinaldo a 76 e William a 56 anos. Os três já estavam presos, ao contrário dos cinco mandantes ou intermediários da contratação.
 
Dois dias antes, perante a juíza e os sete jurados – cinco mulheres e dois homens –, Erinaldo admitiu ter matado, na emboscada, os auditores fiscais João Batista Soares Lages e Eratóstenes de Almeida Gonsalves e o motorista Aílton Pereira de Oliveira. Mas afirmou que o tiro que matou o auditor Nélson foi disparado pelo revólver de Rogério.
 
Um dos denunciados como intermediário do crime, Hugo Alves Pimenta, deve ser julgado no próximo dia 17. Em delação premiada para reduzir sua pena, apontou Norberto Mânica como mandante. O julgamento deste e de José Alberto de Carvalho, outro intermediário, está marcado para o mesmo dia.
 
Falta marcar a data do julgamento do ex-prefeito Antério Mânica. Se for inocentado, poderá prosseguir em sua carreira política. Há quatro meses, noticiou-se que ele seria candidato a deputado estadual, em 2014. Já demonstrou que é bom de voto. Decorridos poucos meses da chacina, que teve grande repercussão nacional, Antério submeteu-se ao julgamento dos eleitores de Unaí: candidatou-se a prefeito e foi eleito, reelegendo-se em 2008.
 
Mas precisa ser julgado sem mais demora pela Justiça. Não pode se repetir o caso de outro denunciado pelo mesmo crime, o empresário Francisco Elder Pinheiro, que se adiantou ao julgamento, morrendo em janeiro deste ano, aos 77 anos.
 

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