Quando se fala em “Asa de Gaivota”, mesmo quem não é ligado em automóvel se lembra da legendária Mercedes-Benz 300 SL cupê, com as portas se abrindo para cima. Esse modelo foi projetado exclusivamente para as pistas e a solução das portas não foi por charme, mas forçada pelo chassis tubular que avançava pela lateral do carro. Em 1953, o importador da Mercedes para os EUA sugeriu a produção de uma versão de rua. A fábrica topou e a “Asa” foi comercializada (1.400 unidades) de 1954 até 1957.
Mais caro do mundo
Era o mais caro e mais rápido automóvel da época. Para aliviar peso, muitos de seus componentes como capô, cockpit, portas e tampa do porta-malas eram de alumínio. Alias, as iniciais “SL” significam Sport Leicht, ou Esportivo Leve, em alemão. Um dos problemas do carro era sua estabilidade (traseira como a do Fusca, com cambagem variável) e, se capotasse, não tinha jeito de sair pelas portas que avançavam pelo teto e ficavam viradas para o asfalto.
As exigências do mercado norte-americano, o principal do modelo, acabaram levando a fábrica a desenvolver uma versão conversível apresentada no Salão de Genebra em março de 1957. E, apesar de todo o badalo e originalidade, ninguém mais quis saber do cupê, que teve sua produção encerrada neste mesmo ano, pois o roadster (1858 unidades até 1963) era mais agradável no verão e tinha vários aperfeiçoamentos mecânicos.
Suspensão deu trabalho
A mecânica era a mesma, mas a suspensão traseira do cupê dava trabalho até para pilotos famosos que a levaram a vitórias como Stirling Moss ou Rudolfo Caracciola. Na conversível, ela foi aperfeiçoada, o carro ficou mais agradável e estável nas curvas de baixa. Motor e câmbio não mudaram. A 300 SL teve o primeiro motor do mundo com injeção direta de combustível, desenvolvendo 215 cv com seus seis cilindros em linha e três litros de cilindrada, 1.140 kg de peso, cerca de 100 kg mais que a cupê. Caixa com apenas quatro marchas. A aceleração é impressionante, para a época: de zero a 100 por hora em apenas 8,8 segundos. E a espantosa velocidade máxima de 260 km/h.
Sem rasgar o vestido
A falta do ar-condicionado era compensada pelos cabelos ao vento. O chassis tipo treliça da cupê foi modificado para acomodar portas convencionais e as mulheres já podiam entrar no carro sem rasgar o vestido e com janelas que se abriam para ventilar o interior. (Na cupê, o vidro era fixo e só era possível retirá-lo completamente). O porta-malas já acomodava duas delas, desde que não fossem muito grandes. Além do teto de lona, um metálico era opcional.
Nos dois últimos anos de produção, a roadster ganhou freios a disco e motor com bloco de alumínio.