Chef Jamile Massahud herdou as tradições italianas, libanesas e mineiras

Cristina Barroca - Hoje em Dia
03/05/2015 às 12:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:52
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

Da fusão de duas nacionalidades, italiana e libanesa, nasceu Jamile Botrel Massahud, em Lavras, na região do Campo das Vertentes. E como a maior parte das tradicionais famílias mineiras, teve em casa bons exemplos na cozinha. “Minha avó fazia um tutu maravilhoso, minha tia era especialista em nhoque. Eu tenho boas lembranças da minha avó no fogão a lenha também”, relembra a chef.   Escolhida pelos pais para administrar os negócios da família, morou um tempo em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, para estudar administração na Universidade Federal. Até que a culinária despertou o interesse da garota, na época, com 22 anos. Então, largou tudo e se mudou para São Paulo, onde se inscreveu em um curso de gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi.   Após morar dois anos e meio na Europa, entre Portugal e Espanha, trabalhando com os chefs Martín Berasategui, Sergi Arola e Susana Felicidade, voltou para a terra natal com o intuito de assumir a cozinha do Lavras Apart Hotel, da sua família. Com o tempo, percebeu que tinha condições de começar um negócio próprio e acabou montando o Jajá Bistrô, primeiro restaurante com proposta “à la carte” de Lavras. O estabelecimento funciona em uma bela casa da década de 40 e oferece uma comida internacional variada, porém, com toques mineiros.   E os projetos não param. Jamile planeja passar uma temporada no Líbano para resgatar a culinária de suas raízes e, talvez, começar um novo negócio. “Uma fusão “ítalo-libanesa”, segundo a chef. “Sempre comi muita comida libanesa que minha avó paterna fazia. E eu adoro. É uma cozinha interessante”, completa.   Porco na lata se sofistica com capeletti e Brie   Apaixonada por Lavras, Jamile Botrel Massahud busca valorizar os ingredientes produzidos na região do Campo das Vertentes. Foi pensando nisso que ela criou uma receita de porco na lata ao molho roti de café e capeletti frito de brie com compota de marolo. “Até parece sofisticado demais, mas é simples e nenhum produto precisou ser importado”, afirma a chef.   A escolha do porco como ingrediente principal se deu por se tratar de uma das carnes de consumo tradicional em Minas Gerais. “Como não temos litoral em nosso Estado, ficamos ligados a vivência da terra. Consumimos produtos da terra, como o porco”, explica Jamile.    A técnica de cocção em baixa temperatura e por mais longo tempo, é francesa, conhecida como confit, no entanto, temos que considerar que a carne conservada na gordura e em lata já era uma prática comum de imigrantes portugueses que vieram para o Brasil durante a colonização.    Para dar um aroma especial e característico do paladar mineiro, o molho roti tradicional foi complementado com café. Além de deixar o prato ainda mais robusto, brinca com a ideia da memória gustativa do interior, que é um dos objetivos da chef com este prato. O queijo como recheio para o capeletti era certo e, para fugir um pouco da Serra da Canastra, Jamile optou pelo brie.    Apesar de ser originalmente francês, já temos no Brasil ótimos produtores, inclusive em Minas. “É sim um queijo tipicamente europeu, mas com excelência muito forte por aqui”, confirma a chef.   O marolo, fruta da época e típica da vegetação de cerrado, também presente na região, incrementa a receita. O agridoce elevou o sabor do prato, com a adição de uma compota feita desse fruto.  Para dar rusticidade à apresentação, a Jamile Botrel usou uma madeira como prato. “Uma louça não ficaria tão interessante”, explica.   Porco na lata ao molho roti de café e capeletti frito de brie com compota de marolo       Porco na lata Ingredientes - 1 quilo de pernil cortado em pedaços médios - 1,5 litro de banha de porco - 10 dentes de alho com casca - Alecrim, tomilho, sal e pimenta   Preparo Temperar o porco de véspera com o sal, a pimenta do reino, alecrim, tomilho e os dentes de alho amassados. No dia seguinte cozinhar na banha em uma panela com o fogo bem baixo, não deixar ultrapassar 80º C durante 3 horas no mínimo.   Capeletti frito de Brie Ingredientes - Massa de pastel fresca - Queijo tipo Brie Sant’Angelo   Preparo Cortar a massa de pastel em aros redondos de 7 centímetros de diâmetro. Cortar um quadradinho do queijo de aproximadamente 2 centímetros, colocar no meio da massa e fechá-la como se fosse um capetetti, fechando as bordas e as extremidades de cada ponta se encontrando. Fritar em óleo quente a 180º C rapidamente, virando de um lado e de outro até quase dourar.   Compota de Marolo Ingredientes - 100 gramas de polpa de marolo  - 30 gramas de açúcar cristal  - 50ml de água   Preparo Tirar o caroço do marolo e cozinhá-lo em fogo brando com o açúcar e a água por 20 minutos. Depois triturá-lo com um mixer ou no liquidificador. Fica com uma textura de purê.   Rôti de café Ingredientes - 1 quilo de mirepoix (partes iguais de cebola, cenoura, salsão e alho poró – 250g/cada),  - Óleo - 1 garrafa de vinho tinto seco - Ossos de costela de porco e ossobuco bovino - 3 litros de água - ervas: salsa, tomilho, louro, alecrim  - Pimenta do reino em grãos  - 100 gramas de grãos de café   Preparo Tostar os ossos em forno alto por 30 minutos, refogar o mirepoix, acrescentar o vinho, a água, os ossos, as ervas, a pimenta. Deixar o caldo reduzir em fogo brando por no mínimo 24 horas. Os grãos de café entram nas últimas três horas de cozimento, quando o caldo já estiver com a textura de molho.   Finalização Aquecer o porco no forno por 10 minutos a 180º C, fritar o pastel e servir com a compota de marolo por baixo. O rôti de café vai sobre o porco e decorado com alguns brotos frescos.

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