Os países emergentes - entre eles o Brasil - estão conquistando cada vez mais espaço no cenário global de produção científica, enquanto que os países mais desenvolvidos e tradicionalmente líderes nessa área estão perdendo terreno - em especial, os Estados Unidos e o Japão.
É o que mostra o relatório sobre Desempenho em Ciência e Tecnologia do G20, divulgado no início deste mês pela empresa Thomson Reuters, assim como os mais recentes indicadores do setor publicados pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA.
O país de maior destaque nos dois relatórios é a China, que num prazo de dez anos passou de oitava para segunda maior produtora de trabalhos científicos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (e da União Europeia, se o bloco for considerado como um país).
Pelos dados da Thomson Reuters, que levam em conta todos os trabalhos publicados em revistas indexadas na base de dados Web of Science, a produção científica da China saltou de aproximadamente 48 mil artigos, em 2003, para 179 mil, em 2012 - aumento de 273%.
Os Indicadores de Ciência e Engenharia da Fundação Nacional de Ciência dos EUA trazem números menores, por usarem critérios mais restritivos e uma base de dados diferente (o Science Citation Index), porém igualmente impressionantes: aumento de 21 mil para 90 mil trabalhos publicados pela China entre 2001 e 2011.
Ambos os relatórios mostram um declínio da produção científica do Japão e uma certa estagnação dos Estados Unidos e da Europa, que, sem ter muito mais para onde crescer, veem suas hegemonias encolherem diante do crescimento acelerado dos países emergentes.
Segundo a Thomson Reuters, o mundo da ciência deixou de ser "bipolar" (dividido entre Europa e América do Norte) e passou a ser "tripolar" (com a inclusão da Ásia e com países como Brasil, África do Sul e Turquia despontando no horizonte).
A participação da China na produção global de conhecimento científico passou de 5,6% para 14%, enquanto que a dos EUA encolheu ligeiramente, de 33% para 27,8%. Já a do Brasil passou de 1,7%, em 2003, para 2,7% em 2012. "Em mais uma década, a geografia da ciência será certamente muito diferente do que é hoje", diz o relatório da empresa.
Impacto
Em termos qualitativos, porém, a ciência brasileira não está assim tão longe da chinesa. Segundo a Thomson Reuters, o impacto relativo da ciência produzida na China é 0,9 (um pouco abaixo da média mundial, 1) e o da ciência brasileira, 0,74. "O número de publicações da China é muito maior, mas o impacto das duas ciências é semelhante; ambas abaixo da média mundial", avalia o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz.
Nesse aspecto, o principal desafio dos dois países é essencialmente o mesmo: tirar o foco da quantidade e começar a crescer também em qualidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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