O principal autor da pesquisa que anunciou a criação, pela primeira vez, de células-tronco embrionárias por clonagem, na semana passada, admitiu nesta quinta-feira (23), em artigo na revista britânica Nature, que seu estudo contém erros, embora tenha afirmado que os resultados não foram alterados. Shoukhrat Mitalipov, da Universidade da Saúde e da Ciência do Oregon (Oregon Health and Science University, noroeste dos EUA), revelou em pesquisa publicada em 15 de maio na revista Cell que a partir da técnica da clonagem é possível criar células-tronco embrionárias humanas, geneticamente idênticas às da pessoa de quem procedem. Mitalipov admitiu haver inexatidões no trabalho, após as quais foram montados os dados às pressas para publicar o estudo, aceito pela revista Cell apenas três dias depois de apresentado. O quarto erro não representa problema algum, afirmou o cientista. "Os resultados são exatos, as linhagens de células-tronco embrionárias existem", disse Mitalipov. Comentários anônimos publicados no site científico na internet PubPeer reportaram estes erros nas ilustrações e imagens usadas no estudo. Mitalipov disse ter falado com seu colega de equipe, Masahito Tachibana, que compilou os dados. Este confirmou que o estudo continha alguns erros. Os cientistas também disseram que entrerão em contato com a revista Cell para preparar uma correção. Martin Pera, especialista em células-tronco da Universidade de Melbourne, na Austrália, lamentou no artigo da Nature que os cientistas haviam usado a mesma imagem para ilustrar duas propriedades diferentes entre as células-tronco de um embrião humano e as produzidas por clonagem. "As explicações dadas pelos autores do estudo são plausíveis, mas é preciso esperar os resultados de uma pesquisa a fundo", concluiu. Para Robin Lovell Badgen, que chefia o Departamento de Genética do Instituto Nacional de Pesquisa Médica, em Londres, estes erros são o resultado da pressa em publicar o estudo. "Devem dar a eles a oportunidade de explicar e corrigir os erros", destacou a Nature.