Questões culturais e empíricas só são descartadas, quando há comprovações técnicas e científicas mostrando a forma correta destas questões.
Com o esporte Poker não foi diferente. Por anos e anos se acreditou ser um jogo de cartas, onde a sorte/azar determina o vencedor/perdedor.
Quando os estudos científicos e técnicos começaram a surgir, em todo o mundo, na década de 80, iniciou-se a queda da questão sorte/azar empíricas e culturais, sobre o hoje reconhecido esporte da mente.
Para entender um pouco sobre esta mudança, é necessário saber algumas definições de HABILIDADE funcional.
“Habilidade” pode ser definidada como: “uma capacidade adquirida através de treinamento e experiência”, “a capacidade de conseguir realizar uma tarefa ou atividade consistentemente durante um determinado período”, ou, “capacidade que vem do conhecimento, prática ou aptidão, para fazer uma coisa bem feita”.
O matemático Noga Alon (Alon é um Baumritter Professor de Matemática e Ciência da Computação na Universidade de Tel Aviv , Israel. Ele recebeu seu Ph.D. em Matemática na Universidade Hebraica de Jerusalém , ele é o editor-chefe de Estruturas Aleatórias e Algoritmos do MIT), foi um dos pioneiros nos estudos científicos sobre o Poker. Chamou de “tomada de decisão intencional”, subdividindo-a em 8 habilidades específicas: 1. Habilidades matemáticas (Chances e probabilidades); 2. Habilidade de “ler” as pessoas; 3. Disciplina pessoal; 4. Entender a posição a mesa; 5. Manter registros (Quanto mais dados que você tiver, melhores serão as decisões tomadas); 6. Entender as variantes; 7. Induzir a jogar; 8. A arte de blefar.
Internacionalmente, necessário citar os estudos da Universidade de TILBURG na Holanda, do MIT nos Estados Unidos, que atestam a Habilidade como fator preponderante ao esporte.
No Brasil, hoje temos um série de estudos técnicos, com destaque para os laudos do Instituto de Criminalística da Secretaria de segurança pública de São Paulo, de 25 de fevereiro de 2011, o Laudo do Laboratório de perícias do Dr. Ricardo Molina de Figueiredo, o Laudo do Instituto de criminalística de Minas Gerais. Possuímos também no Brasil, dezenas e dezenas de decisões judiciais em primeira e segunda instância, atestando o Poker como um esporte da Mente.
Muito importante nesta escalada rumo ao reconhecimento do esporte, foi a decisão do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária – CONAR, que teve o seguinte ocorrido: Em setembro de 2010, o Conar havia decidido pela suspensão de um específico filme publicitário do Full Tilt, veiculado no Discovery Channel em dezembro de 2009. Apesar da decisão atingir somente aquela peça cinematográfica, ela era baseada no fato de o poker ser considerado um jogo de azar e, portanto, caracterizado como uma contravenção penal no Brasil.
No entanto, em novembro de 2010, o órgão regulador voltou atrás e emitiu decisão de seu Conselho de Ética alterando a deliberação anterior. Na nova decisão, o Conselho de Ética do Conar foi unânime na visão de que o poker não pode ser considerado um jogo de azar e que se trata de um jogo onde estratégia e a habilidade dos jogadores são mais importantes que o fator sorte.
Portanto, a atividade não se encaixa no Art. 50 do Decreto-lei 3688/41. Ou seja, após a nova análise, o Conar concluiu que o poker não é um jogo proibido no Brasil.
Todos os artigos citados, estão disponíveis no Site da CBTH.
No próximo artigo, iremos falar de um assunto muito especial: O Poker no Brasil antes e depois de Igor “Federal” Trafane. Até lá!!
Aristóbulo Silva Furtado Junior é empresário, bacharel em Administração de Empresas e Economia, MBA/Mestre em Gestão Empresarial e Economia pela Fundação Getulio Vargas-EBAPE(FGV), professor titular de Economia da Universidade de Alfenas.
Presidente da Federação Mineira de Texas Hold’em(FMTH) e diretor para Assuntos estratégicos da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH)