Com baixa do petróleo, Maduro busca auxílio na Unasul

Estadão Conteúdo
06/12/2014 às 09:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:17

(Rodrigo Buendia)

Os países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) expressaram nessa sexta-feira (5), em reunião de cúpula em Quito, preocupação com a queda do preço do petróleo, que pode arruinar ainda mais a economia venezuelana. Em seu discurso, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu que o bloco retome uma agenda de desenvolvimento e comece o debate para transformar a América do Sul em um "grande bloco econômico".

"Temos de tomar em nossas mãos a agenda econômica do desenvolvimento compartilhado, uma nova arquitetura financeira, com um banco de projetos estruturais que nos transforme em um poderoso bloco", disse Maduro. Ele pregou a necessidade de uma "grande zona de desenvolvimento econômico".

Diante de uma crise que combina um déficit fiscal estimado em 20% do PIB, inflação acima dos 60% e acentuada perda de divisas ocasionada pela queda no preço do petróleo, o chavismo enfrenta problemas com a baixa do preço do barril, principal fonte de receita do país.

Nessa sexta, o barril venezuelano fechou em US$ 61,92, uma queda de US$ 6,1 em uma semana, e alcançou o nível mais baixo em cinco anos e meio. Em 2015, Maduro terá de enfrentar uma eleição parlamentar com uma oposição mais forte.

O agravamento da crise econômica pode piorar ainda mais a aprovação do governo e favorecer a eleição de uma Assembleia Nacional de maioria opositora. A aprovação de Maduro caiu 5,7 pontos porcentuais, para 24,5%, segundo dados do instituto Datanálisis. A popularidade de Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda e um dos principais líderes da oposição, subiu 3,7 pontos, chegando a 45,8%.

O economista e analista político venezuelano José Toro Hardy, crítico ao chavismo, afirmou que a queda no preço do petróleo tem impacto direto no déficit fiscal e na inflação que, segundo ele, ultrapassará os 70% este ano.

Hardy destacou que 96% de toda a entrada de moeda estrangeira na Venezuela decorre da venda de petróleo e disse que a diminuição nas reservas pressionará ainda mais a economia e, consequentemente, a popularidade do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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