Responsáveis por 70% da geração de energia do país, os reservatórios da região Sudeste apresentam níveis inferiores a 20%, índice que acende a luz vermelha no fornecimento de eletricidade do país. Mesmo que em 2015 não seja decretado um racionamento oficial, a falta de chuvas pode indicar um corte drástico no fornecimento em 2016. Para evitar o caos, a solução é uma só: economizar. Ou seja, mais uma vez, a conta cai sobre o consumidor.
O ideal, na avaliação do diretor do Instituto de Desenvolvimento do Setor Energético (Ilumina), Roberto D’araújo, seria se o governo Federal fizesse uma exposição clara do problema para a sociedade e desse início a uma campanha nacional de estímulo à redução do consumo. Afinal, há exatamente um ano os reservatórios do Sudeste estavam com aproximadamente 40% de água, o dobro do volume atual. E o estado já era crítico.
Naquela época, segundo D’araújo, os reservatórios já respondiam à opção do Operador Nacional do Sistema (ONS) de usar o mínimo possível das térmicas, . Hoje, elas vão de vento em popa. Segundo o diretor do Ilumina, ao manter desligadas as usinas termelétricas, cujos combustíveis são mais caros do que a água (óleo diesel, óleo natural, carvão e gás), o governo garantia a manutenção das contas de luz, que não subiam. No entanto, sem as térmicas, o nível dos reservatórios caía cada vez mais.
“O ONS foi muito otimista, confiou muito no sistema pluviométrico brasileiro, que era constante. Era. Até que as chuvas não vieram e o sistema entrou em colapso. O governo precisa mostrar isso à população, que deve começar a economizar”, diz D’araújo.
Outra forma de o governo mitigar o problema é incentivar o uso de fontes elétricas menos potentes por parte da população. As lâmpadas de led, que consomem 6 watts (W), são uma opção de substituição às dicróicas, que consomem 44W. Isso significa que uma lâmpada dicróica consome o mesmo que seis de led. “A desoneração dessas lâmpadas reduziria o preço para o consumidor, incentivando o uso dela”, comenta o especialista. Hoje, uma lâmpada dicróica custa certa de R$ 20, enquanto uma de led sai por aproximadamente R$ 70.
A geração distribuída, ou seja, a possibilidade de gerar energia em casa e injetar o excedente na rede, também poderia contribuir para evitar problemas com o sistema elétrico. O problema, novamente, é a conta.
O próprio diretor do Ilumina tentou montar uma estação de geração solar em casa, mas ficou assustado com o valor. Como o Brasil não produz equipamentos das usinas solares, fica quase inviável montar uma pequena geradora em casa.
Mas ações simples também podem fazer a diferença. Tirar os equipamentos da tomada pode reduzir em até 30% o consumo dos equipamentos, conforme explica o Analista de Comercialização da Companhia Energética de Minas Gerais ( Cemig), Ranieri Coelho.