Combates em Aleppo antes de grande ofensiva do Exército

AFP
26/07/2012 às 18:50.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:52

  ALEPPO (Síria) - As forças regulares, apoiadas por artilharia pesada, travaram batalhas em vários bairros de Aleppo, antes de lançar uma grande ofensiva para recuperar o controle da metrópole do norte, que sofre há uma semana com intensos combates, considerados decisivos.   Com mais de 120 pessoas mortas devido à violência nesta quinta-feira (26), o Exército de Bashar al-Assad, que recuperou a maioria dos bairros de Damasco, entrou em confronto com os rebeldes, principalmente no bairro de Hajar al-Aswad, onde estão localizadas as forças opositoras, segundo moradores e ativistas.   Mas a violência não parece desencorajar a oposição, que convoca em sua página no Facebook novas manifestações para sexta-feira (27), como em toda semana, com os lemas "Levante das duas capitais" e "A guerra de libertação continua".   Em Aleppo, segunda maior cidade do país, o Exército bombardeou o bairro de Salaheddine, controlado pelos rebeldes, além de outros setores da cidade, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Várias explosões puderam ser ouvidas.   Em Salaheddine, centenas de rebeldes se preparam para uma grande ofensiva do regime contra a cidade, após a abertura de uma nova frente, 355 km ao norte de Damasco.   Um fotógrafo da AFP viu barricadas e sacos de areia, um ônibus atravessado em uma rua para bloquear a passagem e postos médicos instalados no subsolo de escolas e mesquitas.   Vários helicópteros sobrevoavam as casas e disparando rajadas de metralhadora. Os moradores do bairro tentam fugir em caminhonetes, principalmente mulheres e crianças.   À espera da ofensiva, os rebeldes atacam postos policiais armados com kalachnikovs, metralhadoras, bombas artesanais e foguetes.   A esperança dos rebeldes está no reforço de outros combatentes que devem chegar a Salaheddine ou naqueles que tentarão atrasar a chegada do Exército com sabotagens e armadilhas.   A mãe das batalhas   "As forças especiais foram mobilizadas na quarta e quinta-feira no flanco leste da cidade e outras tropas chegaram para participar de uma ofensiva geral na sexta-feira ou no sábado" em Aleppo, explicou uma fonte de segurança.    Enquanto isso, aproximadamente 1.500 rebeldes vieram de outros locais para dar apoio aos cerca de 2.000 companheiros, acrescentou a mesma fonte, segundo a qual os insurgentes estão concentrados em subúrbios do sul e leste e controlam as estradas que levam ao aeroporto.   O porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL, composto principalmente de desertores) em Aleppo, o coronel Abdel Jabbar al-Okaidi, afirmou que "reforços militares chegaram a Aleppo e é esperada a qualquer momento uma grande ofensiva".   Segundo ele, cerca de 100 tanques e muitos outros veículos militares chegaram a Aleppo, onde uma nova frente foi aberta em 27 de julho.   O jornal Al-Watan, ligado do regime, indicou em sua manchete: "Aleppo, a mãe das batalhas".     Se Aleppo cair, "o regime acabará, e os dois adversários sabem disso", disse Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH.   Um caminhão carregado com caixas marcadas com as inscrições em árabe "máscaras de gás" foi visto em uma base rebelde em Aleppo, de acordo com esse correspondente.   Damasco reconheceu na segunda-feira pela primeira vez que possui armas químicas e ameaçou usá-las em caso de intervenção militar estrangeira.    A Unesco pediu às partes em conflito que "garantam a proteção do patrimônio cultural único" de Aleppo, "cidade antiga (que) preserva um patrimônio excepcional e reflete a diversidade das culturas dos povos que se instalaram lá por mais de um milênio".   A violência prosseguiu em outras cidades, incluindo Deraa (sul), bombardeada por helicópteros, e Damasco, de acordo com OSDH que contabilizou pelo menos 121 mortos - 64 civis, 32 soldados e 25 insurgentes.   Assad cairá "cedo ou tarde"   O chefe da ONU, Ban Ki-moon, denunciou uma "carnificina" na Síria e criticou a comunidade internacional por não proteger os civis, enquanto que o chefe de operações de paz da ONU, Hervé Ladsous, disse à Damasco que as Nações Unidas continuarão o trabalho para acabar com a violência.   O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afimou, por sua vez, que está convencido de que "mais cedo ou mais tarde" Bashar al-Assad "cairá", criticando o seu "comportamento abominável".    No plano político, o general dissidente Manaf Tlass, amigo de infância de Assad, se reuniu com autoridades turcas em Ancara, após sua passagem pela Arábia Saudita. Ambos os países são hostis ao regime sírio. Tlass disse ter preparado um plano para acabar com a crise incluindo pessoas "honestas" do regime, mas sem Assad, em entrevista ao jornal árabe Asharq Al-Awsat.   Os opositores sírios, reunidos em Roma, apelaram para uma solução política, exigindo um cessar-fogo e uma reconciliação nacional.   Frente à escalada da violência, Israel reforçou a sua segurança ao longo da fronteira com a Síria, indicaram fontes da segurança, acrescentando que muitos soldados foram enviados às Colinas de Golã.

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