(Thomas Kienzle)
DAMASCO - Os combates se intensificavam nesta quinta-feira (8) na região de Damasco entre rebeldes e forças do regime de Bashar al-Assad, para quem o chefe da oposição dirigiu um ultimato condicionando sua recente oferta de diálogo.
Estes confrontos nos arredores da capital, onde os insurgentes estão emboscados, deixaram na quarta-feira mais de 60 mortos.
O exército se declarou "determinado a esmagar o terrorismo ao redor da capital e nas grandes cidades" e disse ter "matado dezenas de terroristas que pensavam em atacar e entrar em Damasco", segundo o jornal próximo ao poder, Al Watan.
Por outro lado, hackers que se declararam membros do "exército eletrônico sírio", que apoia o regime, atacaram as contas no Twitter e Facebook da Sky News Arabia, anunciou nesta quinta-feira a rede com sede em Abu Dhabi.
A invasão ocorreu, segundo o exército, devido à parcialidade dos meios de comunicação estrangeiros na cobertura do conflito na Síria. Uma oferta comprometida
Paralelamente, a oferta de diálogo dirigida ao regime pelo chefe da oposição síria, Ahmed Moaz al-Khatib, parecia comprometida após o ultimato lançado por ele ao governo.
Khatib exigiu, em entrevista ao serviço árabe da BBC, a libertação antes de domingo de todas as pessoas detidas pelo regime, caso contrário retiraria sua oferta.
No dia 30 de janeiro, Khatib disse estar disposto "a negociações diretas com representantes do regime sírio" com a condição de que "160 mil detidos" após o início da insurreição contra o regime fossem libertados.
O ultimato de Khatib foi dado pouco depois das violentas críticas contra esta oferta de diálogo, procedentes das próprias fileiras da oposição.
Em um comunicado, o Conselho Nacional Sírio (CNS, principal componente da coalizão de oposição) afirmou que o regime cairá pelas armas e não pela negociação, como propõe Khatib, chefe da Coalizão Nacional Síria, da qual o CNS forma parte.
"Os revolucionários e os heróis do Exército Sírio Livre (ESL) realizam ataques contra as posições estratégicas em nossa capital (...) e em outras regiões. Estão alcançando vitórias importantes no caminho da revolução síria", afirma o comunicado.
A proposta do chefe da Coalizão opositora foi apoiada por Washington e pela Liga Árabe, mas, sobretudo, pelos dois principais aliados de Damasco, Rússia e Irã. O mediador internacional Lakhdar Brahimi a julgou como "positiva".
Mas o CNS se opôs a esta proposta e rejeitou que a revolução síria se torne "refém de um compromisso internacional".
O CNS também expressou sua indignação após os inéditos contatos entre Khatib e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, que se reuniram no domingo. O CNS afirmou que rejeita estes contatos "enquanto o Irã apoiar o regime" sírio.
No plano diplomático, a oposição síria contempla ter uma representação permanente em Washington e Nova York, uma iniciativa apoiada pelos Estados Unidos, que reconheceram em dezembro esta Coalizão como "representante legítima do povo sírio".