BRASÍLIA - As enchentes e secas extremas que têm afetado várias regiões no mundo e os fenômenos naturais, como maremotos, cada vez mais frequentes, voltam a ocupar, a partir desta segunda-feira (26), o centro das preocupações de técnicos, especialistas e autoridades de quase 200 países. Reunidos em Doha, capital do Catar, negociadores de todo o mundo querem chegar a um consenso sobre o que precisa ser efetivamente adotado para minimizar os efeitos provocados pelas fortes mudanças de temperatura do planeta.
Durante a 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP18), as delegações de várias partes do mundo tentarão definir novos compromissos, a fim de dar sequência a uma série de esforços que já vêm sendo feitos desde 1992. As expectativas em relação ao evento recaem quase exclusivamente sobre esse ponto: o que cada economia está disposta a fazer, a partir de janeiro do ano que vem, para continuar os esforços pela redução das emissões de gases de efeito estufa.
Os primeiros compromissos foram assumidos quando as nações signatárias do Protocolo de Quioto, que começou a valer há cinco anos, definiram metas obrigatórias, no caso de países desenvolvidos, ou voluntárias, entre as nações em desenvolvimento. Apesar de o tratado que define metas e limites de emissão de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos expirar no fim deste ano, as medidas ainda estão longe dos resultados esperados.
Levantamentos de organismos internacionais e do órgão das Nações Unidas responsável pelo debate sobre meio ambiente (Pnuma) têm apontado que as ações ainda não foram suficientes para reduzir essas emissões nocivas ao Planeta. O Pnuma mostrou que a concentração de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), aumentou 20% desde 2000.
Pesquisadores do Banco Mundial e da Organização Meteorológica Mundial também têm alertando que, caso não adote ações mais ambiciosas e austeras, a comunidade internacional não irá alcançar a meta estipulada como ideal pelos cientistas. Diante da emergência apontada pelos estudos recentes, os países se comprometeram a adotar medidas para manter a elevação da temperatura do planeta abaixo dos dois graus centígrados.
O desafio será chegar a um acordo imediato para manter metas que reposicionem os países nessa direção, adotando medidas rigorosas em suas economias. Em meio ao debate, será preciso definir, por exemplo, se os países do Leste Europeu podem usar, para maiores emissões, a margem que conquistaram por ter emitido menos, nos últimos anos, quando a recessão enfrentada por essas economias reduziu o ritmo das fábricas, mantendo os níveis de poluição atmosférica abaixo do estipulado.
Além disso, os negociadores devem retomar os debates sobre o Fundo Verde e a regulamentação internacional de uma compensação para países em desenvolvimento que reduzem as emissões de gases de efeito estufa, conhecido como Redd – sigla que define a Redução das Emissões Geradas com Desmatamento e Degradação Florestal nos Países em Desenvolvimento. O mecanismo tem dividido as atenções nos debates sobre clima.