Mulher estressada, workaholic e sem tempo para a família. Produto das conquistas femininas na sociedade atual, está a cargo dela a aguardada revanche após anos de “invasões” americanas em nosso mercado exibidor. Protagonista da comédia “De Pernas pro Ar 2”, Alice é a nova heroína do cinema brasileiro, dando o troco nos ianques com a mesma moeda: domínio maciço das salas.

Serão 700 cópias a partir desta sexta-feira, recorde para uma produção nacional da fase de Retomada do cinema nacional (1992-2012).

O número se aproxima do alcançado pelas estreias dos principais lançamentos dos Estados Unidos no país, cujo efeito colateral mais grave costuma ser expulsar os filmes brasileiros que estão em cartaz, além de deixar poucas opções para o espectador num circuito de cerca de dois mil espaços de exibição comercial.

Ano das comédias

A expectativa é de que a continuação feche com chave de ouro um ano dominado pelas comédias, como “E aí, Comeu?”, “Até que a Sorte nos Separe” e “Os Penetras”.

O diretor Roberto Santucci destaca que o gênero está na moda. “E não é só no cinema. No teatro também, com as comédias lotando mais. Pode ser apenas uma fase e daqui a pouco ser outra coisa, como aconteceu com os filmes sobre favela”, recorda o cineasta carioca, de 45 anos.

O preço do sucesso

Santucci busca desvencilhar o filme do ingrediente sexista ao qual a maior parte das comédias brasileiras está atrelada historicamente.

“A questão da busca do prazer estava presente no primeiro filme. O segundo é uma comédia romântica, em que o sexo é apenas o pano de fundo. Agora Alice tem que saber administrar o sucesso, que sempre cobra um preço alto. Apesar de o oxigênio dela ser o trabalho, ela precisa parar para respirar”.

Para o cineasta, os dois filmes discutem o papel da mulher moderna, “que, depois da revolução feminina, ganhou a capacidade de fazer todo tipo de trabalho, mas sem deixar de ser mãe e namorada”.

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