Comer fora de casa ficou mais caro; restaurantes e bares procuram saídas para atrair clientes

Giulia Mendes - Hoje em Dia
17/05/2015 às 11:21.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:03

(Editoria de Arte)

Os reflexos da crise econômica, tão falada e já sentida há mais tempo por alguns setores, chegou ao da alimentação fora do lar, um dos que mais fatura e emprega no país.

Aumentos nas despesas básicas como contas de aluguel, luz e água de bares e restaurantes, somados ao cuidado reforçado do consumidor ao abrir a carteira, têm forçado os estabelecimentos a se reinventar para não perder a clientela.

É o que conta o diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), Lucas Pêgo. Segundo ele, as casas estão investindo em produtos mais baratos, pratos dos dia, “sugestões do chef” e promoções para garantir o faturamento. “Os estabelecimentos estão voltando para os sites de compras coletivas, buscando fazer parte de passaportes e clubes de descontos. Estão mesmo abusando destas táticas promocionais”, contou.

Para o economista e professor do Ibmec, Ricardo Couto, a criatividade gastronômica é a solução. “O custo da matéria prima é o reflexo mais imediato. Alguns alimentos bateram recorde de inflação, isso força o chef do restaurante a alterar o prato para trabalhar com alimentos mais baratos”, disse.

Caso contrário, o proprietário teria que absorver o custo, tornando o negócio inviável. “Se o proprietário optar por manter um prato muito tradicional, que não dá para tirar do cardápio, ele acaba absorvendo parte desse aumento. Isso é complicado porque a margem de lucro de restaurantes costuma ser pequena”, afirmou.

Lucas Pêgo avalia que o setor é um dos mais impactados, porque a alimentação fora do lar, junto ao lazer, são as primeiras opções de cortes do brasileiro que tem a renda “corroída pela inflação”. “Quem precisa almoçar fora de casa, diariamente, acaba escolhendo a opção mais barata”, lamentou.

FATURAMENTO EM QUEDA

Este mês, o setor sentiu o impacto da crise bater à porta quando no Dia das Mães, um dos melhores dias do ano para bares e restaurantes, não foi como o esperado. “Alguns estabelecimentos registraram queda de 30% com relação ao ano passado”, disse Pêgo. E a expectativa de o setor voltar ao normal não é animadora, segundo o diretor da Abrasel-MG. “Esperamos que melhore a partir da segunda quinzena de novembro e dezembro.”

“Este ano é muito mais de sobrevivência e manutenção do que de expansão”, concluiu Ricardo Couto.

Almoçar na rua custa quase um salário mínimo por mês

O brasileiro que almoça fora de casa gasta quase um salário mínimo por mês. Uma pesquisa feita pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação (Assert) mostrou que um almoço nos restaurantes do país hoje custa, em média, R$ 27. Para quem almoça fora do lar cinco vezes por semana, um gasto mensal equivalente a três quartos de um salário mínimo.

O levantamento considerou somente refeições completas, incluindo bebida, sobremesa e cafezinho nos diferentes tipos de restaurantes: prato feito, prato executivo, autosserviço e a la carte. A pesquisa fez 5.118 entrevistas em estabelecimentos comerciais.

O preço médio do prato feito em Belo Horizonte fica abaixo da média nacional: R$ 21,57. Já o serviço a la carte custa cerca de R$ 69 por pessoa na capital mineira. O autosserviço não sai por menos de R$ 20 e o prato executivo chega a quase R$ 50.

“A tendência é que as pessoas passem a reduzir gastos com alimentação fora do lar. Ela deixa de optar pelo serviço à la carte, por exemplo, e busca o prato executivo, o self-service”, afirma o economista Ricardo Couto.

Pelos dados da pesquisa Assert, o grupo alimentação e bebidas foi responsável por 31%, quase um terço da inflação, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014. Nos últimos 12 meses, o IPCA registrou alta de 10,47% nas refeições em restaurantes, acima do índice geral no período, de 8,17%. De janeiro a abril, a inflação já acumulou alta de 4,16% para este item do orçamento.

Indústria
No ano passado, as vendas do setor representaram R$ 132,5 bilhões de reais para as indústrias. Nos últimos dois anos, o mercado de alimentos e de bebidas gerou R$ 529 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (ABIA).


Brasil Sabor precisou se reinventar para se manter

Este ano, o festival Brasil Sabor, promovido pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), precisou se reinventar para não perder seu público fiel na décima edição do evento. A promoção “Doce Sabor” é o grande diferencial do festival, que vai até o dia 31 de maio, em 27 estabelecimentos de Minas Gerais, 16 na capital.

O cliente que comprar um prato ganhará uma sobremesa indicada pelo restaurante escolhido. Segundo o diretor executivo da Abrasel-MG, a ideia é estimular o consumo em tempos de crise econômica. A expectativa da organização é que sejam preparados cerca de 15 mil pratos.

“É a primeira vez que o festival prepara uma promoção assim, já fizemos concursos culturais, mas não desta forma. A intenção é fazer com as pessoas não deixem de ir e de consumir, além de comemorar os dez anos de evento.”

Para ganhar a sobremesa, o cliente precisa recortar e entregar no estabelecimento um cupom disponível na página do Facebook do evento e no guia do festival, distribuído nos restaurantes participantes. O guia está disponível nos postos de informação turística da Belotur, no Mercado Central, na Rodoviária, no Mercado das Flores, no Aeroporto da Pampulha ou ainda na sede da Abrasel (avenida Brasil, 1666, 15º andar, no bairro Funcionários, em BH).

SABORES

De peixes à comida mexicana, da gastronomia italiana às culinárias japonesa e mineira. Tem prato para todos os gostos no festival.

Em BH, participam os bares e restaurantes Assacabrasa, Bar Ideal, Zé do Peixe, Bhar Savassi, Choperia Albano’s, Parada do Cardoso, Fanáticos Esporte Bar, Maria das Tranças, Maurizio Gallo, Porcão, Mes Amis, Sou Café, Uaimií, Via Geraes e Xapuri.

Nestes tempos, sair para jantar é um dos primeiros cortes que são feitos nos orçamentos familiares

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