Conflitos entre moradores e policiais no Aglomerado da Serra

Hoje em Dia
19/03/2013 às 06:11.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:00

A polícia deve apurar com cuidado os episódios registrados na noite de domingo e na manhã de segunda-feira (18) no Aglomerado da Serra, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O primeiro ocorreu pouco depois das 11 da noite, no final de uma festa realizada pela comunidade, com autorização da prefeitura, na Praça do Cardoso. Uma pessoa morreu e pelo menos 11 foram baleadas, além de duas pisoteadas. O segundo, na manhã desegunda, durante as investigações do crime.

A festa não seria um baile funk, mas um evento cultural intitulado “Serra te amo te amo demais”, segundo o organizador entrevistado, pela TV Record, após os acontecimentos. Baile funk ganhou conotação negativa, em razão dos muitos conflitos registrados pela polícia, país afora, atribuídos a disputas entre traficantes.

As circunstâncias ainda estão sendo apuradas, mas pelo noticiado, seis pessoas chegaram, em quatro motocicletas, no final da festa, e dispararam tiros a esmo. Um homem de 33 anos morreu no local e 13 pessoas ficaram feridas, algumas gravemente. A maioria, jovens – mas havia também, entre os baleados, uma criança de seis anos e uma mulher de 71. A polícia suspeita que os criminosos integrem uma das duas quadrilhas rivais de traficantes que atuam no Aglomerado da Serra.

Na ação policial de investigação, ocorreu o segundo episódio, que está a exigir reflexão. Pouco antes das 9h, um adolescente foi baleado na coxa, numa viela próxima da Praça Cardoso. Moradores se revoltaram, culpando algum PM que não souberam identificar no momento, pelo disparo. Na opinião deles, não haveria qualquer justificativa para o emprego da violência contra um suspeito desarmado. Os vizinhos não permitiram que o ferido fosse levado ao hospital numa viatura policial, preferindo conduzi-lo, eles mesmos, num carro particular.

É um fato que parece indicar a existência de animosidade entre a comunidade e a polícia. Não deveria ser assim – como não é, comumente, em bairros de classe média de Belo Horizonte. Na maior parte da cidade, policiais e moradores se mostram solidários nas ações contra os criminosos.

No mês passado, assumiu o Comando de Policiamento da Capital a coronel Cláudia Araújo Romualdo. Segunda, ela informou que será montado no Aglomerado da Serra a primeira Área Integrada de Segurança Pública (Aisp). Seria desejável que os policiais militares e civis que serão lotados nessa Aisp recebam treinamento específico, para que sejam bem acolhidos e respeitados pelos moradores. 

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