Congresso de milho e sorgo debate transgênicos e nanotecnologia

Jornal O Norte
10/09/2008 às 11:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:43

Um tema ainda bastante polêmico, apesar de as primeiras cultivares transgênicas terem sido plantadas há 12 anos. Hoje, 12 milhões de agricultores em 23 países – sendo que 90% são de baixa renda – cultivam transgênicos em 114 milhões de hectares em todo o mundo. Os dados são da safra 2006/2007 e revelam um mercado global estimado em US$ 7,5 bilhões, onde a área ocupada cresce a uma média de 10% ao ano. -Nunca, na história da agricultura, uma tecnologia foi adotada de forma tão rápida e constante, analisa Edilson Paiva, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) e vice-presidente da CTNBio- Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.

Os Estados Unidos lideram o plantio de transgênicos, com 60 milhões de hectares, país seguido pela Argentina, com 19 milhões de hectares. O Brasil ocupa a terceira posição, com pouco mais de 15 milhões de hectares ocupados com a soja RR (Roundup Ready), tolerante a herbicidas, e com o algodão Bollgard (com tecnologia Bt). O milho é a cultura transgênica que mais avança nos últimos anos, ocupando hoje 35 milhões de hectares em todo o mundo, sendo que 24% das cultivares plantadas possuem genes que conferem resistência a insetos ou a herbicidas. - Apesar de todo o conhecimento já existente, os transgênicos são rotulados como vilões por grupos sem informação, diz Paiva.

E esta rotulagem, continua o pesquisador, é um obstáculo para a geração de alimentos e de energia. - Temos um agronegócio estruturado e podemos nos beneficiar desse conhecimento. Os conflitos de competências já resultaram em um enorme atraso tecnológico e temos que correr atrás desse prejuízo, explica Edilson, se referindo à necessidade de que profissionais com isenção ideológica e experiência técnica e científica na área biotecnológica atuem nas discussões sobre a liberação de transgênicos. - Não vejo competitividade no agronegócio brasileiro em cenários futuros se essas tecnologias não forem adotadas, antecipa.

O pesquisador da Esalq-USP- Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo Ernesto Paterniani, referência em melhoramento genético de milho no Brasil, reforça que as restrições impostas à CTNBio no período de 1998 a 2004 provocaram enormes prejuízos à agricultura brasileira. - A transgenia é uma conseqüência da evolução do melhoramento genético na agricultura, assim como os milhos híbridos foram no século passado. Sou a favor da ciência e da liberdade para que o produtor tenha poder de decisão para usar ou não a tecnologia, defende.

No processo de transgenia, as plantas selecionadas após o processo de transferência de genes manifestam especificamente a característica desejada. Desta forma, têm-se cultivares resistentes a herbicidas e/ou a insetos. No caso do milho Bt, por exemplo, apenas um gene extraído da bactéria Bacillus thuringiensis é responsável por conferir à planta resistência às lagartas que, ao se alimentarem das folhas, são intoxicadas e mortas. Estudos científicos desenvolvidos pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) mostram, segundo Paterniani, que a proteína gerada a partir do gene é específica para combater somente aquela praga, sendo inócua para seres humanos, animais de sangue quente, peixes, pássaros e até mesmo para outros insetos. - Além da redução no uso de agroquímicos, o ganho econômico é evidente, conclui Paterniani. (Com informações da Embrapa)

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