O acesso ao Congresso Nacional foi fechado nessa quarta-feira, por causa da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer. Na Alameda das Bandeiras, principal avenida de acesso à Câmara, o trânsito foi interrompido com cones da Polícia Militar, e também foi barrada a entrada pela chapelaria. Apesar da restrição de circulação, os bloqueios não afetaram o trânsito no Eixo Monumental e não houve nenhum problema que afetasse a segurança da Casa.
Teatro de absurdos
Antes do início da votação do pedido de autorização para processar o presidente e ministros por organização criminosa e obstrução da Justiça (SIP 2/17), governo e oposição fizeram referência a um cenário de “teatro de absurdos”. Para o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), vice-líder do governo, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot acusou Temer sem provas, para controlar a própria sucessão. Já o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), favorável ao andamento do pedido da PGR, “teatro do absurdo” seria a Câmara arquivar a denúncia.
Temer passa mal
O presidente Temer passou mal horas antes do início da votação que analisou a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele e foi levado às pressas para o Hospital do Exército, em Brasília. Com fortes dores, Temer desceu andando para o posto médico do Planalto e, após um breve exame, foi levado ao hospital, onde precisou fazer um procedimento de desobstrução da uretra. Temer completou 77 anos em setembro.
Quarto voto
Em um único mandato, o presidente já passou por quatro votações importantes: nas eleições, em 2014, como vice-presidente ao lado de Dilma Rousseff; no processo de impeachment, em 2016, que o elevou à cadeira de presidente da República, e nas duas denúncias da Procuradoria-Geral da República, que o expuseram ao julgamento por crime comum e à perda do cargo máximo da Nação.
Em defesa de Temer
Na sessão dessa quarta-feira, na Câmara dos Deputados, a defesa do presidente Temer afirmou que autorizar a tramitação da denúncia contra ele poderia colocar em risco “toda a atividade política”, sob o argumento de que a acusação da Procuradoria-Geral da República buscou “criminalizar” a política. O relator do processo Comissão de Constituição e Justiça, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), afirmou que a acusação contra Temer buscou atingir “toda a classe política” e que é fruto de atuação “política” da Procuradoria-Geral da República.