Pela vez nesta Copa do Mundo, a Seleção Brasileira terá um “Duelo de Titãs” pelo percurso. E o embate não poderia vir em momento pior. Logo nas semifinais, a instável equipe canarinho terá de enfrentar a Alemanha, um dos times que se caracterizou pela força tática, que se sobrepõe até mesmo à ótima qualidade técnica de seus jogadores.
Joachim Löw fez de sua Alemanha um exemplo quando o assunto é conjunto forte. Um dos méritos do esquema germânico é a multiplicidade de funções de todos os atletas. Teoricamente, a equipe atua com quatro jogadores na linha de trás, cinco na zona central e um atacante isolado à frente. Na prática, porém, o esquema fica longe de uma postura estática.
Um dos maiores expoentes desse esquema voluntarioso é o meio-campo. No setor, todos os cinco atletas que devem começar atuando contra o Brasil possuem polivalência para exercer três ou quatro funções. Khedira e Schweinsteiger, que fazem o papel de contenção, têm a liberdade de trocar frequentemente de posição entre si e com Toni Kross e Mesut Özil, atletas que costumam cair pelas pontas originalmente.
Na frente, é que o perigo tem nome e sobrenome: Thomas Müller. O versátil camisa 13 alemão se tornou peça-chave do plano de jogo de Joachim Löw, seja atuando como meia-atacante, onde se posiciona originalmente, ou como um “falso 9”.
Quando o comandante opta por Podolski ou Klose como homens de referência e posiciona Müller como meia-atacante, o camisa 13 alemão tem como responsabilidade ofensiva distribuir o jogo e fazer rápidas infiltrações no ataque germânico. Defensivamente, seu papel é dar o primeiro bote, quando o adversário tenta sair jogando.
Como “falso 9”, ele não foge à tônica. Colocado à frente, ele tem o dever de fazer manobras para atrair e dispersar a marcação adversária, abrindo espaços para quem chega de trás. Nessa variável, ele muda de posição frequentemente com Mario Götze, outro atleta que possui versatilidade para desempenhar vários papeis em uma mesma partida.
Se as linhas de frente são os pontos fortes da Alemanha, atrás é que o técnico Joachim Löw vem perdendo um pouco do controle. Boateng e Hummels, dupla de zaga que deve começar atuando nesta terça, não são exemplos de ótimos zagueiros. Os dois costumam necessitar de cobertura contínua. Para isso, o comandante alemão encurtou o espaço entre eles e os dois volantes. Assim, consegue fechar linhas, mas abre espaço para lançamentos em profundidade.
Retrospecto
Um dos principais alentos para os brasileiros no duelo desta terça-feira (8), no Mineirão, é que a Seleção Canarinho tem um retrospecto favorável contra os alemães. No total, foram 21 encontros, com 12 vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Nos gols, a diferença também é alta. O ataque tupiniquim balançou as redes 39 vezes, enquanto o germânico mostrou seu poder de fogo em 24 oportunidades.
Em Copas do Mundo, houve apenas um encontro entre as equipes. E é uma doce lembrança para o Brasil. Em 2002, Ronaldo fez os dois tentos da vitória canarinho sobre os comandados de Rudi Völler e deu o pentacampeonato mundial à Seleção Brasileira.
Em 1974, a Seleção Brasileira chegou a encarar a Alemanha Oriental, quando as duas nações estavam divididas. A equipe canarinho venceu por 1 a 0, com gol de Rivellino, de falta.
Raio X
Esquema tático: 4-2-3-1 (com movimentação constante entre os meias e a troca de posições entre Müller e Götze)
Provável escalação: Neuer, Lahm, Boateng, Hummels, Höwedes; Khedira, Scheweinsteiger, Kross, Götze (Klose), Özil; Müller. Técnico: Joachim Löw
Ponto forte
O meio-campo. O setor ganha destaque na equipe germânica pela multiplicidade de funções dos atletas. Todos os cinco jogadores que devem começar atuando contra o Brasil possuem polivalência para exercer três ou quatro funções, trocando de posição frequentemente.
Ponto fraco
A zaga. A dupla de beques germânica não acompanha a mesma qualidade dos demais atletas. Bons no jogo aéreo, mas fracos no mano a mano, Boateng e Hummels contam que a bola chegue fragmentada do meio-campo para facilitar o bote. Quando isso não acontece, a chance de perderem na disputa é grande.
O cara
Thomas Müller. Do disciplinado esquema tático alemão, ele surgiu como diferença individual. O dono da camisa 13 (a mesma usada por Gerd Müller, um dos mais notórios goleadores alemães da história) possui como principais características o poder de conclusão de jogadas e a visão de jogo.
Retrospecto em Copas do Mundo
Participações - 18
Melhor colocação – Campeã em 1954, 1974 e 1990
Jogos – 104
Vitórias – 64
Empates – 20
Derrotas – 20
Gols pró - 216
Gols contra – 120
Artilheiro – Miroslav Klose (2002, 2006, 2010 e 2014) – 15 gols
Quem mais jogou – Lothar Mattäus (1982, 1986, 1990, 1994 e 1998) – 25 jogos
Como chegou ao Brasil
Líder invicta do Grupo C das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo.
Campanha nas eliminatórias
Jogos - 10
Vitórias - 9
Empate - 1
Gols pró - 36
Gols contra – 10