Consumo alto, oferta baixa e altos custos de produção pressionam preços

Jornal O Norte
23/06/2008 às 10:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:36

Depois de quase 12 anos sendo a âncora dos sucessivos planos econômicos governamentais, o setor agropecuário já não consegue segurar os índices de inflação. A advertência é do presidente da Faemg -federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Roberto Simões. Segundo ele, os preços dos alimentos estão sendo pressionados por uma conjugação de fatores: crescimento do consumo mundial, redução da oferta e dos estoques e aumento dos custos de produção.

Os grãos registram alta em todo o mundo. Só no ano passado, o milho subiu 51% e a soja, 39%.

- O consumo aumentou em países populosos, como China e Índia, enquanto a oferta vem caindo, observa Roberto Simões. Este quadro de oferta e demanda fica ainda mais apertado com o direcionamento de boa parte da safra norte-americana de milho para a produção de etanol. Além disso, importantes países agrícolas, como a Austrália, tiveram sua produção prejudicada por problemas climáticos.

A elevação dos preços dos grãos reflete-se em outros segmentos, especialmente o de carnes, já que milho e soja são os principais componentes da ração animal, que, por sua vez, representa cerca de 70% dos custos de produção. Mas, de acordo com o presidente da Faemg, o aumento dos preços não tem beneficiado os produtores.

- Aumentaram os gastos com insumos, mão-de-obra e frete. Portanto, o produtor não dita, nem influencia as cotações- afirma.


 


INSUMOS

Roberto Simões aponta os insumos como os grandes responsáveis pela alta dos preços dos alimentos: os defensivos e fertilizantes têm subido, em média, 100% ao ano ou mais, além da alta do petróleo. - A produção de defensivos está concentrada em apenas seis grandes grupos multinacionais, que fixam o preço que querem. Por isso, os produtores não conseguem se beneficiar da queda do dólar e continuam gastando cada vez mais com os produtos importados.

Para o presidente da Faemg, o Brasil tem todas as condições de -virar o jogo- e ser o grande abastecedor mundial de alimentos e agroenergia. Sem qualquer prejuízo ao meio ambiente e aos agrocombustíveis, o país pode dobrar sua produção atual de grãos, de 142 milhões de toneladas, porque tem tecnologia, terra e recursos humanos. Para isso – ressalta – o país precisa de uma política agrícola que contemple crédito suficiente, preços mínimos de garantia, seguro rural e investimentos em infra-estrutura. (Faemg)

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por