Hoje, 20 de novembro, comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A data é uma justa homenagem a Zumbi, descendente de guerreiros angolanos. Trazido a força para o Brasil, foi criado por um religioso e, aos 12 anos de idade, já dominava o português e o latim. Ainda jovem, assumiu a liderança da resistência anti-escravagista no Quilombo dos Palmares.
E eis que muitos leitores e alunos me pedem para eu me posicionar sobre as chamadas “cotas raciais” em concursos. Eu sempre resisti em fazê-lo, considerando os aspectos ideológicos que cercam o tema.
Devemos primeiramente admitir que nós – todos nós – pertencemos a uma etnia. Portanto, somos suspeitos para tratar do assunto.
Feita essa ressalva, ninguém há de negar a injustiça histórica a que negros e índios foram submetidos. Por outro lado, queixam-se os caucasianos que não escravizaram ninguém, e que não podem pagar uma conta de seus antepassados.
Bem, conhecer e entender a história nos ajuda a evitar novas injustiças. Mas foquemos o assunto no presente. Alguém de sã consciência poderia dizer que não há preconceito racial no nosso país? Claro que há.
O que me preocupa é o simplismo de quem pretende reduzir o tema ao preconceito racial, como se não houvesse outros preconceitos. Ora, leitores e leitores de todas as etnias, credos, idades, condição física ou social, são muitos os preconceitos no Brasil.
O sistema de cotas, que pode atenuar muitas injustiças, não deve se limitar à questão racial. E a grande lição neste sentido vem exatamente do grande líder Zumbi dos Palmares. Afinal, qual era a etnia dos mais de 20.00 habitantes daquela nação quilombola? Engana-se quem pensa que eram apenas afrodescendentes escravizados. Ali eram abrigados os oprimidos em geral, inclusive brancos e mestiços.