Olá amigo da cozinha,
As atividades desenvolvidas através dos festivais e outros encontros gastronômicos no Estado e no país têm demonstrado cada dia mais o importante papel deste segmento no desenvolvimento regional. Quando falo deste assunto amigo, chego até a me emocionar, pois a cada reflexão sobre o antes e o depois em determinadas cidades ou regiões, percebo com nitidez mudanças importantes e definitivas.
Mais do que um crescimento econômico, ou um desenvolvimento estrutural nesses lugares, o que nos traz mais alegria é o resgate da autoestima desses cidadãos que, após cada encontro gastronômico em sua região, reconhecem um ingrediente fundamental nesta receita. O orgulho de sua cultura local e o sentimento de que na simplicidade dos seus sabores e costumes, que tanto agradam aos turistas de todo canto do mundo que hoje buscam essas verdades e experiências, está o segredo do seu sucesso.
Tanto falamos de sustentabilidade e proteção ambiental, mas eu reitero minha convicção de que a maior responsabilidade que todos temos é com o ser humano antes de mais nada.
Na gastronomia, ao aplicarmos este conceito valorizando os pequenos produtores da agricultura familiar, os produtos dos nossos quintais, fonte maior da inspiração dos mais engajados profissionais de cozinha hoje, estamos sim, cuidando, e com muita eficiência, do meio ambiente, ao reduzirmos distâncias, consumindo produtos mais limpos, e certamente cuidados com mais carinho do que aquelas commodities com agrotóxicos a que estamos submetidos no dia a dia. E os festivais gastronômicos, por mais simples que possam parecer, que têm essa pegada cultural e de raiz, estão mostrando toda sua importância neste cenário de desenvolvimento sustentável.
Hoje apresento um breve resumo do que está acontecendo com um pequeno e bucólico distrito incrustado na Serra do Brigadeiro na cidade de Muriaé.
Assim como aconteceu em Tiradentes, que se encontrava quase que num ostracismo no cenário do Turismo brasileiro e mineiro, com o advento do festival de gastronomia, transformou-se nesse importante e valorizado polo gastronômico internacional.
Outros exemplos existem por todos os cantos pelo país, e neste caso, em apenas cinco anos de festival, a vida tem mudado de maneira acelerada e para melhor, para os poucos mais de 1.000 habitantes do distrito de Pirapanema, na cidade de Muriaé, Território da Mantiqueira na Zona da Mata.
O distrito recebeu melhorias de infraestrutura por parte do poder público, e acaba de ganhar um centro cultural, doado pela prefeitura, onde a gastronomia de quintais será uma das protagonistas das ações de transformação social.
O nível do festival e das suas atrações a cada ano chamam mais a atenção de profissionais das cozinhas, patrocinadores, e alguns empreendedores, que já perceberam essa oportunidade. Imóveis simples estão sendo transformados pelos próprios habitantes locais e por empreendedores da região para abrigar restaurantes, visitantes e o próprio comércio. Empreendimentos imobiliários na Serra já sinalizam para uma valorização econômica.
A cidade de Muriaé já conta com uma rede hoteleira razoável por causa do polo de moda, mas já se fala em investimentos em pousadas rurais no entorno da Serra que também apresenta outros atrativos turísticos como cachoeiras, rampa de voo livre, trilhas para bike e caminhadas. Pois é, amigo, a gastronomia sai definitivamente da cozinha, e mostra toda a sua força de transformação econômica e social.