Não deixa de ser estranho que, com toda essa decantada e deplorada crise no mercado de automóveis, com as vendas despencando, pátios de fábricas e concessionárias lotadas de automóveis, as fábricas ainda estejam anunciando tantas novidades.
No ano passado, em meio à crise, o mercado recebeu várias novidades, entre elas três especialmente marcantes: Jeep Renegade, Honda HRV e Peugeot 2008. Só neste início de ano, a Fiat apresentou dois modelos inteiramente novos, a picape Toro e o sub-compacto Mobi. A Volkswagen remodelou Gol, Voyage e Saveiro. A Renault já confirmou o Kwid, substituto do Clio. A Honda tem a décima geração do Civic vindo no segundo semestre, com o novíssimo motor 1.5 de 3 cilindros, turbo e injeção, desenvolvendo 174 cavalos. A General Motors já está exibindo o novíssimo Cruze fabricado na Argentina, com estréia do motor 1.4 turbo, de 160 cv. A Nissan apresenta o novíssimo utilitário esportivo Kicks. E várias outras marcas vão buscar a atenção do consumidor com atrativos de estilo ou mecânica.
Mas, e a crise? Ai está o “x” da questão. Se sobram carros e faltam clientes, como explicar que as fábricas não param de lançar novos modelos?
Tudo uma questão de “timing”: um novo modelo é planejado pelo menos três a quatro anos antes de chegar ao mercado. Ele é discutido entre os especialistas de marketing do produto com os engenheiros. Com o Financeiro da empresa, com o setor de compras. Todos devem participar e aprovar o novo projeto. Depois de definido como será o carro, começam a desenhá-lo e construir maquetes. Centenas de fornecedores de componentes são chamados para discutir volumes e preços de seus produtos. Depois de aprovada a forma final, tem início a fabricação dos protótipos , que serão exaustivamente testados nas ruas, estradas, pistas de testes e nas simulações de computadores. Depois de corrigidas as eventuais distorções, uma nova batelada de testes com os carros chamados “pré-série” para, então, a festa de lançamento do novo modelo.
Quando a crise vem rápida como veio a atual, não dá tempo de freiar o projeto e cancelar o lançamento....