Cristina Kirchner diz que argentinos vivem melhor do que há 10 anos

Lígia Mesquita - Folhapress
Publicado em 14/09/2013 às 19:27.Atualizado em 20/11/2021 às 12:24.

BUENOS AIRES - Em sua primeira entrevista após quatro anos, Cristina Kirchner disse que sua grande arma política são seus "feitos" e que os argentinos vivem melhor agora do que há dez anos. "O que aconteceu em 2003 [ano em que Néstor Kirchner foi eleito] que você não podia consumir ou comprar um carro? Você era a mesma pessoa, com as mesmas capacidades. O que mudou foi o país", afirmou. E completou: "Alguns querem retomar a Argentina do passado porque a mão de obra era mais barata."

A presidente argentina escolheu falar para o canal governista TV Pública, em um programa dividido em duas partes. Os primeiros 30 minutos da conversa dela com o jornalista Hernán Brienza foram exibidos na tarde deste sábado.

Cristina também analisou o movimento político chamado kirchnerismo -termo que ela não gosta de usar- como algo "difícil de explicar". "Resisto em dizer que se passaram dez anos de kirchnerismo. Foram dez anos de governo", disse. "É um fenômeno que tem a ver com a aparição de uma Argentina que deu uma volta, que bebe do peronismo, mas também incorporou outros setores."

A entrevista de Cristina é vista como mais uma estratégia da mandatária para recuperar os votos que a aliança governista Frente para a Vitória perdeu nas primárias para o Legislativo do país, em agosto.

Muitos analistas e políticos de oposição dizem que se a derrota se confirmar no pleito de 27 de outubro, será o fim de um ciclo do kirchnerismo. "Todos têm o direito de questionar. Não me preocupa que questionem minha liderança em um contexto democrático", disse. "A realidade é a melhor defesa do nosso projeto."

A chefe de Estado também voltou criticar a mídia, sem citar nomes, a quem acusa de uma tentativa de golpe -o governo briga na Justiça com o grupo Clarín por causa da nova Lei de Meios do país.

"Há uma construção midiática de que o poder é o poder político, do governo da vez, e que o presidente é quem tem mais poder. Na verdade, o poder político é o que menos poder de fato tem, porque precisa de validação e legitimação nas eleições", afirmou. "Há todo um mundo construído pela mídia, não é que as pessoas sejam tontas, é que existem monopólios midiáticos."

Assim que a primeira parte da entrevista acabou, o canal transmitiu ao vivo a inauguração de uma obra em Río Gallegos, cidade natal dos Kirchner, com a presença de Cristina. A segunda parte da conversa com a presidente será exibida no próximo sábado (21).

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