Com a renúncia à presidência da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pretende ter um aliado comandando a Casa durante sessão em que será votado o seu processo de cassação, já que Waldir Maranhão (PP-MA), que ocupa o cargo interinamente, rompeu com ele havia algum tempo.
O peemedebista anunciou sua saída da presidência da Câmara nesta quinta-feira (7) em uma coletiva de imprensa, durante a qual chorou. Ele disse que está "pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment" da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Agora, a Câmara tem cinco sessões para realizar novas eleições para o cargo. Cunha estava afastado desde o dia 5 de maio, por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Com a renúncia, Cunha acredita que pode tentar reverter votos na Comissão de Constituição e Justiça para fazer o caso voltar ao Conselho de Ética e, quem sabe, salvar seu mandato.
O presidente da Câmara pode influir decisivamente na realização e na condução da sessão em que a cassação será analisada. Para que Cunha perca o mandato, é preciso o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados. Ou seja, ausências e abstenções durante a sessão contam a seu favor.
Cabe ao presidente da Câmara marcar a data dessa sessão -ele pode, por exemplo, escolher um dia de possível plenário esvaziado.
Além disso, na condução da sessão cabe a ele uma série de decisões que podem contar a favor ou contra Cunha. Exemplo: ele pode encerrar a votação rapidamente, evitando que haja um quórum maior, ou protelar esse encerramento por um tempo indeterminado, contribuindo para uma presença mais expressiva de deputados.
A condução por Cunha da votação que aprovou a abertura do processo de impeachment contra Dilma, por exemplo, é apontada por aliados da petista como um dos fatores que contribuíram para o resultado. Entre outras decisões, coube a Cunha escolher um domingo como a data da votação, com o objetivo de aumentar a exposição televisiva da sessão.
Ele também foi o responsável por decidir que a votação seria por chamada nominal ao microfone, além de ter dado aos deputados tempo para se manifestar politicamente ao proferirem o voto.
Leia mais:
Mulher de Cunha assina intimação de Moro e tem 10 dias para se defender
Líder do governo na Câmara vai convocar reunião para discutir sucessão de Cunha
Após renúncia, processos contra Cunha devem passar para Segunda Turma do STF