A Espanha será a anfitriã da XXII Cúpula Ibero-Americana, evento que começará na sexta-feira na cidade de Cádiz, na Andaluzia, mas que neste ano não contará com as presenças de vários presidentes latino-americanos, o que não deixa de demonstrar que as relações entre Madri e seus parceiros latino-americanos não estão em um ponto alto. Pelo menos quatro presidentes, os da Argentina, Paraguai, Venezuela e Cuba não participarão do evento. O diplomata espanhol Jesús Gracia Aldaz, secretário de Estado para a Ibero-América do governo espanhol, minimizou qualquer conflito entre Madri e os países latino-americanos em entrevista ao jornal El País. Segundo ele, a argentina Cristina Kirchner não irá a Cádiz "por motivos de saúde", enquanto o presidente paraguaio Federico Franco não comparecerá porque os outros países do Mercosul pediram que o Paraguai não fosse convidado para o evento, porque está suspenso no Mercosul e na União de Nações Sul-americanas (Unasul).
Confirmaram presença em Cádiz os presidentes do Uruguai, Brasil, Chile e Peru, além do primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho. A Secretaria Geral Ibero-Americana, entidade que reúne 22 países latino-americanos e os três ibéricos (Espanha, Portugal e Andorra) tem sede em Madri. França, Bélgica, Itália e Marrocos, países associados à entidade, enviarão representantes de segundo escalão.
A Cúpula ocorre em um momento muito difícil para a Espanha. O país europeu, que aporta 65% dos recursos da Secretaria Ibero-Americana, atravessa uma recessão e 25% da população está desempregada. Gracia negou que a presidente argentina evite visitar a Espanha, no momento, por causa da crise diplomática entre os dois países, após Cristina ter nacionalizado a petrolífera YPF, que era da espanhola Repsol. Argentina e Espanha poderão se enfrentar nos tribunais por causa da questão. Gracia disse que a Argentina estará representada pelo vice-presidente Amado Boudou, com o qual ele pretende ter várias reuniões. "Argentina e Espanha têm muitos interesses comuns", disse o diplomata espanhol.
Gracia disse que a incorporação da Venezuela ao Mercosul dificulta as negociações para um acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia, mas não o inviabiliza. "Dificulta uma negociação que já leva anos. Teremos que negociar com um Mercosul mais complexo", afirmou.
Em relação ao Brasil, Gracia disse que o País, como a Colômbia e o Peru, precisa de "técnicos superiores" e poderia absorver parte da mão-de-obra especializada desempregada da Espanha que viesse a ser útil à economia brasileira. "A imigração é um caminho de ida e volta. Com a crise na Espanha, muitos ibero-americanos estão voltando para casa e também estão saindo jovens espanhóis, diplomados, que buscam novas oportunidades de trabalho. Não devemos ver isso como algo negativo", disse o diplomata. As informações são do jornal El País.
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