Custo de produção da pecuária aumenta peso no bolso dos produtores

Jornal O Norte
07/05/2008 às 13:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:32

Valéria Esteves


Repórter



A valorização do sal mineral aumentou novamente o custo da produção pecuária, que já acumula alta de 7,72% no custo operacional efetivo e 6,35% no custo operacional total, desde os dois primeiros meses do ano. Apesar dos preços da arroba estarem elevados, a receita do pecuarista de corte foi reajustada em apenas 23,42% nos últimos cinco anos, enquanto seu custo operacional total subiu 56,85% no período, acumulando severas perdas de rentabilidade. Desta forma, os custos aumentaram mais do que o dobro do preço da arroba.

Segundo dados dos Ativos da Pecuária de Corte, divulgados pelo Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA- Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, o sal mineral foi um dos principais responsáveis por este aumento nos custos da pecuária. Somente de janeiro para fevereiro os preços aumentaram 12,75%, na média ponderada dos dez estados produtores pesquisados pela CNA e Cepea- Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo. No acumulado do ano, a mineralização do rebanho aumentou 35,5% para os pecuaristas.

Pois é, a reclamação é geral. No Norte de Minas, os pecuaristas também acreditam que um dos principais gastos é com a alimentação dos animais.

Para o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Júlio Pereira, o preço da arroba adquirida custa mais que o valor pago pela arroba no final das contas. Parece mentira, mas na explicação dele o produtor gasta em média cerca de R$ 68 a R$ 70 por arroba adquirida num sistema de confinamento, sendo que hoje o mercado compra os animais ao preço de R$ 63 a arroba na região.

Geralmente no Norte de Minas os pecuaristas acreditam que só vale a pena confinar o animal para fazer o seu acabamento. Ganhar uns quilinhos a mais para formar uma boa carcaça como querem os frigoríficos. É exatamente no período de julho a setembro que se coloca o animal no confinamento, isso porque os produtores contam com a chegada das chuvas no mês de outubro, tempo em que o boi volta para o pasto. Boi também é esperto. Quando o pasto fica verde ele não quer mais saber de se alimentar no cocho e o jeito é deixá-lo comer capim. O boi que segue para o frigorífico tem a faixa de 2,5 anos a três anos de vida. Portanto, os pastos estão verdes e como diria pesquisadores da Embrapa: comida de gado é capim, especialmente de vaca.

Conforme a Assocon- Associação nacional dos confinadores, o aumento nos custos e a expectativa não concretizada de preços mais baixos para o boi no fim do ano passado fizeram o confinamento crescer menos do que esperado em 2007.

ENGORDA

Apesar do alto custo de produção, a pecuária de corte e leiteira ainda é forte na região.

O presidente do Sindicato rural de Montes Claros diz que o confinamento na região tem ganhado o gosto de alguns pecuaristas mesmo com os gastos. A engorda intensiva vai se apresentar mais fortemente no final do ano. Pelo menos, a arroba está sendo mais bem paga no Norte de Minas, onde há alguns anos não se vê falar em febre aftosa como aconteceu no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Há pouco mais de dois anos a arroba não saiu do preço de R$56, apesar de em 2005 ter alcançado por alguns dias a casa dos R$ 60. Neste ano, a arroba hoje encontrada a R$ 49, deve chegar até os R$ 56.

Os frigoríficos esperam que num prazo médio de 5 anos o setor demonstre transparência e consiga uma aproximação com os fornecedores da matéria-prima.

- Queremos conhecê-los para saber das necessidades e, assim, formar boas parcerias, porque a região não oferecia quantidade suficiente de boi gordo. E essa não seria uma justificativa da empresa, porque sabe da capacidade disposta pela produção de gado de corte do Norte de Minas.

Em seus discursos, o presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Alexandre Vianna, tem dito que a pecuária norte-mineira tem se constituído num dos segmentos produtivos mais avançados do país e, por isso, já tem conquistando boa parte do mercado exportador internacional, através de comercialização através do Frigorífico Independência, sediado em Janaúba.

- Com a introdução de novas tecnologias no sistema produtivo regional, o Norte de Minas estará apto a se manter como uma das regiões de destaque do país no setor de pecuária de corte, o que tem proporcionado o incremento da economia e geração de novos empregos no campo, declarou.

COTAÇÃO

Os pecuaristas contam que na cotação para exportação, a arroba paga até o ano passado foi de US$ 40. Há quatro anos, a arroba chegou ao preço de R$ 70 e, conforme a Confederação nacional de agricultura, esse valor teve queda significativa. Os registrado nos últimos anos apontam que a mesma não tem passado de R$ 55 em todo território nacional.

Por enquanto, o boi gordo de 18 arrobas ainda está em alta, mas com a chegada da seca os produtores já pensam em povoar seus pastos com o boi magro.

O Brasil passa por um momento de crise no setor agropecuário na qual incide do endividamento dos pecuaristas com o sistema bancário bem como com os fornecedores.

Para Francisco Moura Santiago, produtor de Paracatu, Noroeste de Minas, a situação não é de gastança e sim de recuo nos gastos.

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