A Olimpíada de Londres foi a melhor para o Brasil em número de medalhas – 17, sendo três de ouro, cinco de prata e nove de bronze – desde que começou a participar das competições em 1920. Mas o país não pode se satisfazer com esse sucesso. O desempenho dos atletas brasileiros melhorou a partir de 1984, mas não é ainda o que se espera de uma nação com mais de 190 milhões de habitantes e que está entre as seis maiores economias do mundo. Para que o país fique à altura de sua importância internacional, o governo precisa fazer um esforço redobrado na preparação de nossos atletas até a Olimpíada do Rio, em 1916.
Desde a Olimpíada de Pequim, em 2008, aumentaram em 44% os recursos arrecadados por meio da Lei Piva, que entrou em vigor há 13 anos e que reserva 2% da arrecadação bruta das loterias federais para o esporte. Apesar disso, houve aumento de somente 13% nas premiações em Londres, deixando o Brasil em 22º lugar no ranking, uma posição apenas acima de Pequim. É muito pouco para nossas pretensões.
Entre os países que enviaram mais de 200 atletas a Londres, só dois ficaram atrás do Brasil – o Canadá e a Polônia. E oito países que conquistaram mais medalhas que os brasileiros têm menos de 20 milhões de habitantes. Portanto, o número de habitantes, embora muito importante, pois possibilita a formação de massa crítica, não é o mais relevante. Tampouco o valor do PIB, como demonstrou Cuba que, com pouco mais de 2% do Produto Interno Bruto brasileiro, ficou sete posições à nossa frente no quadro de medalhas.
Cabe aos responsáveis pelo desenvolvimento do esporte verificar o que tem impedido o Brasil de avançar mais. Uma coisa parece evidente: nossos atletas só se mostraram competitivos, subindo ao pódio, em oito esportes, o mesmo que há quatro anos, em Pequim, embora o governo federal tenha destinado ao esporte olímpico pelo menos R$ 2 bilhões, no período. Foram gastos no programa Bolsa Atleta, na identificação de talentos, na capacitação de recursos humanos, na infraestrutura e no próprio Comitê Olímpico Brasileiro.
Os investimentos federais devem aumentar nos próximos quatro anos, além da maior participação de estados e da iniciativa privada, pelo fato de que, pela primeira vez, o Brasil será sede das Olimpíadas. Se conseguirmos formar atletas que se destacam em todos os esportes olímpicos, é possível que fiquemos entre os dez primeiros países no quadro de medalhas, como pretende o COB.