"A defesa só cativa com os jurados a antipatia. Isso é um júri popular. Não consigo conceber inteligência dos advogados. Tiro a mais no próprio pé". Assim o promotor Henry Wagner Vasconcelos considerou o quarto dia de julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", acusado de matar e ocultar os restos mortais de Eliza Samudio.
Para o representante do Ministério Público Estadual (MPE), os advogados do réu não souberam aproveitar e se beneficiar do depoimento do delegado Edson Moreira. "A defesa tinha começado a entrar no jogo do julgamento quando conseguiu extrair do delegado respostas favoráveis. Mas tudo que tinha conquistado perdeu em dez minutos no plenário", considerou. Ele se referiu aos excessos cometidos pelo advogado Ércio Quaresma, que chegou a intimidar a própria testemunha, tanto que teve a palavra cassada pela juíza Marixa Fabiane Lopes.
Henry Vasconcelos avaliou que o ponto alto do dia foi a declaração do delegado que informou que a polícia não encontrou nenhum vestígio de Eliza no sítio do goleiro Bruno. "Eram amadores que estavam fazendo isso. Imagina o que o matador profissional não fez?", questionou se referindo à casa de "Bola", onde também não foram encontrados vestígios da ex-modelo.
Fala de "Bola"
Henry Vasconcelos acredita que o ex-policial possa começar a ser ouvido e dar sua versão sobre o sumiço de Eliza Samudio ainda na sexta-feira (26), após a leitura das peças e da exibição de vídeos sobre o processo. "É inteligente diante de um júri popular que ele responda todas as perguntas. Quem cala consente", disse.
Sobre a hipótese de "Bola" sair absolvido do júri popular, o promotor já sinalizou que irá recorrer, apesar de considerar as chances pequenas.